Diário, ontem foi meu aniversário e eu festejei bastante. Não é por causa que morreram mais uns mil e tantos brasileiros que eu ia ficar triste em casa. Vem menos gente pra festa, mas tudo bem. Afinal, a Dilma ia deixar de fazer festa se no dia do aniversário dela tivesse o incêndio da boate Kiss? O Lula ia deixar de fazer festa se a barragem de Brumadinho tivesse estourado justo no aniversário dele? O Fernando Henrique ia deixar de fazer festa se tivesse caído o avião da Tam?
Bom, talvez eles cancelassem tudo, sim. Mas eu sou eu, pô! E fiz questão de fazer a festa completa: teve bolo, aglomeração, tirei a máscara e discursei ameaçando com um golpe militar. O General Heleno, meu convidado de honra, ficou ali, só me apoiando quando eu falei em golpe. O Heleno é o grande intelectual das Forças Armadas. E ele disse que um dia vai me explicar direito esse negócio de terraplanismo.
Bom, Diário, o maior sucesso da festa foi o bolo. A receita é essa aqui:
Massa
- 1 copo de cloroquina.
- 3 copos de azitromicina.
- 2 colheres de ivermectina.
- 1 copo de óleo de peroba.
- 1 copo de sangue quente.
Uma colher de lágrimas (pode ser de mãe, pai ou filhos, tanto faz).
Cobertura
- Muito leite condensado do exército.
- Meio cilindro de ozônio.
- Uma colher de ossos em pó.
- Modo de Preparo
Modo de preparo
- Misture os quatro primeiros itens e bata bastante, como se fosse uma tortura.
- Aos poucos, acrescente o sangue.
- Adicione as lágrimas para quebrar o doce.
- Despeje numa urna funerária untada.
- Coloque para assar no fogo do inferno.
- Cobertura:
- Jateie o leite condensado com ozônio até ficar cremoso.
- Depois despeje em cima do bolo ainda quente.
- Por fim, polvilhe o pó de ossos (pode ser pó de cremação também) para decoração.
Aí é só cortar e servir para o pessoal. Aposto que vai fazer o maior sucesso, Pelo menos com 46% da população.