Entrevistado ha dias a este respeito, por uma webTV independente de Munique (Alemanha) — a acTVism –, o linguista e filósofo Noam Chomsky respondeu de forma surpreendente. Ele observou, sempre amparado em farta quantidade de dados, que o apoio a práticas e regimes ultra-autoritários está inscrito na história norte-americana. Não exclui sequer personagens como o ditador italiano Benito Mussolini.
O Duce era admirado pelo presidente Franklin Roosevelt, contou Chomsky. Já em 1925, o fascismo italiano havia mostrado sua face real — com assassinatos, perseguição implacável aos sindicatos e à esquerda, supressão das liberdades. Mas em 1933, Roosevelt escreveu, numa carta sobre Mussolini a um amigo: “não me incomodo de confidenciar que me mantenho em contato próximo com o admirável cavalheiro italiano”. Em outra correspondência, à mesma época, afirmou: “Estou muito interessado e profundamente impressioando por aquilo que ele conseguiu e por seu propósito honesto de recuperar a Itália e evitar um grande problema europeu”.
Roosevelt acabaria decepcionando-se com o Duce, devido à proximidade deste com Hitler. Porém, nota Chomsky, o mesmo não ocorreru com a elite empresarial e política dos EUA. “O sistema de poder dos EUA apoiava fortemente Mussolini, o que também ocorria com parte da burocracia sindical. A revista de negócios mais importante Fortune, publicou, possivelmente em 1932 uma edição com o título: ‘Os wops estão se deswopizando’. ‘Wop‘ era um termo pejorativo usado para referir-se aos italianos, e a revista procurava dizer que, sob Mussolini, eles passavam a fazer parte do mundo civilizado”.
Embora esta atitude não envolvesse Roosevelt, o flerte de establishment norte-americano com o fascismo estendeu-se inclusive… a Hitler”. No momento em que ele chegou ao poder, conta Chomsky, “o Departamento de Estado descreveu-o como um moderado capaz de conter as forças, as perigosas forças da esquerda — representadas pelos bolcheviques e o movimento dos trabalhadores — e da direita, em especial os nazistas”… Segundo o Departamento de Estado, termina o filósofo, “Hitler era uma espécie de centro, e portanto os EUA deveriam apoiá-lo”.
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Fonte: Outras Palavras