Por Manoel Ramires.
O PT não gostou nadinha do ex-ministro Antônio Palocci ressurgir no cenário nacional com homologação de delação premiada. A reaparição ocorre justamente após a segunda turma do Supremo Tribunal Federal (STF) retirar das mãos do juiz Sérgio Moro a investigação do sítio de Atibaia, atribuído a Lula. Para o partido, seu ex-ministro, que já teve acordo negado no ano passado, tem sido utilizado como escudo para gerar notícias negativas.
A ex-presidenta Dilma Rousseff reagiu fortemente as declarações de Palocci, chamando-o de mentirosos. Segundo ela, não houve reunião com a presença e com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a então ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, em “meados de 2010”. Na delação o ex-ministro afirma que o encontro discutiu financiamento de campanha.
“A delação implorada do senhor Antonio Palocci tem um problema central. Não está sustentada em provas. E ele não as têm porque tais fatos jamais ocorreram. No esforço desesperado de obter a liberdade, o senhor Antonio Palocci cria um relato que busca agradar aos investigadores, na esperança de que possam deixá-lo sair da prisão”, aponta Dilma.
Ela também criticou o que seria uma manipulação da informação para gerar notícias fakes contra Lula e o partido. Dilma afirma que “O Globo”, mais uma vez, deixa de lado os princípios jornalísticos. Não procura ouvir os “acusados”, nem publica qualquer linha sobre o que pensam os advogados dos dois ex-presidentes. “preciso reiterar que o jornalismo de guerra praticado pelas Organizações Globo vem tentando eliminar Lula e Dilma da vida política nacional, adotando como regra o justiçamento midiático”.
A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffman, também afirma que o ressurgimento de Palocci é para manter Lula com Moro. “O vazamento da suposta delação para o Globo se insere na vergonhosa pressão que esta organização exerce, por todos os meios, inclusive editoriais e matérias na TV, para que seja permitido aSergio Moro continuar perseguindo Lula de forma obsessiva e doentia”, critica.
Moro segura sítio
Após a segunda turma do STF decidir que parte do processo de Lula no sítio de Atibaia deve ser encaminhada para a Justiça Federal de São Paulo, o juiz paranaense Sérgio Moro manobrou para ficar com o caso. Ele alegou que o acordão não foi publicado pelo STF, fato ignorado para determinar a prisão de Lula em menos de 24 após o julgamento do habeas corpus. Ele nega o pedido da defesa alegando que há precipitação das partes e que há outros elementos para manter a investigação em Curitiba.