Em matéria divulgada pela assessoria de imprensa da Câmara de Vereadores de São Miguel do Oeste: “Os vereadores Marli da Rosa (PSD), José Xavier (PSD), Vanirto Conrad (PDT), Vagner Passos (PSL), Ravier Centenaro (PSD), Elói Bortolotti (PSD), Moacir Fiorini (MDB) e Carlos Agostini (MDB) apresentaram uma indicação solicitando à Administração Municipal que tenha um ponto de referência para as pessoas que buscam pela prescrição da medicação que faz parte do tratamento precoce, com base no exame positivo ou nos sintomas, como tratamento para pacientes com covid-19 e que queiram fazer uso deste fármaco. “Ainda que não haja comprovação científica, medicamentos têm sido usados como tratamento precoce de pacientes diagnosticados com a covid-19 por alguns profissionais da saúde. Muitos desses profissionais acreditam que é questão de tempo para que haja evidência científica sobre uso da ivermectina, cloroquina e azitromicina no combate à covid-19. Entretanto, não é possível esperar que esses estudos fiquem prontos para que os medicamentos comecem a ser usados, pois se trata de uma questão urgente”, justificam os autores.
Com base nisso, o PSOL do município publicou uma nota:
“Na última sessão da Câmara de Vereadores de SMO, 09/03/2021, um grupo de vereadores, apresentou uma indicação, solicitando à Prefeitura Municipal que disponibilize um PONTO DE REFERÊNCIA para as pessoas buscarem pela prescrição das medicações que fazem parte do que ficou (FALSAMENTE) denominado de TRATAMENTO PRECOCE.
Reconhecem os vereadores que não há comprovação científica sobre a eficácia de tais medicamentos, mas, ENGANAM A POPULAÇÃO, ao ocultarem que já há COMPROVAÇÃO DE INEFICÁCIA, destes medicamentos, certificada por vários estudos científicos ao redor do mundo. Inclusive, A agência de medicamentos da União Europeia (EMA) alertou no final do ano passado que o uso da cloroquina (o mais famoso deles), além de ser comprovadamente sem eficácia, está associado ao risco de distúrbios psiquiátricos e comportamentos suicidas.
Um estudo desenvolvido pela Fiocruz Amazônia e pela Universidade Federal do Amazonas detectou que pessoas que tomaram ivermectina, ou outros remédios como “tratamento preventivo”, para evitar a covid-19, tiveram MAIORES TAXAS DE INFECÇÃO que aquelas que não tomaram nada. O uso abusivo de Ivermectina no Brasil também tem chamado a atenção de médicos do país todo, ao verificarem em inúmeros pacientes que fizeram o uso de medicamento por conta da covid, o desenvolvimento de HEPATITE MEDICAMENTOSA com sério comprometimento do fígado.
Nem se quer os próprios fabricantes de Ivermectina e Cloroquina recomendam o medicamento para o tratamento de covid-19.
No Brasil, toda esta confusão em torno do tal tratamento precoce se criou por promoção do próprio Presidente da República e do Ministério da Saúde. A promoção destes medicamentos serviu como cortina de fumaça a condução desastrosa que ambos tiveram frente à pandemia. O Brasil se tornou a maior catástrofe sanitária de coronavírus do mundo. Enquanto o mundo caminha para o controle e vacinação em escala da pandemia, o Brasil bate recordes de contaminação e mortes dia após dia. A situação ainda é mais grave pela proliferação de novas variantes ainda mais contagiosas, resistentes e letais. Cada dia, pessoas mais jovens e saudáveis estão morrendo.
Por conta disso, o mundo passou a olhar o Brasil com enorme preocupação, a transmissão descontrolada, a presença de novas variantes e a vacinação pífia e a conta gotas, tornam o país um terreno fértil para o desenvolvimento de super variantes capazes de serem imunes às vacinas.
O negacionismo e o descaso com a pandemia são evidentes em parte da sociedade brasileira, principalmente entre os segmentos comerciais e empresariais, bem como em várias esferas do poder público. Enquanto, o mundo inteiro e a comunidade científica internacional estão nos recomendando um LOCKDOWN efetivo, para baixar imediatamente a disseminação descontrola do vírus e evitar uma tragédia ainda maior; as autoridades brasileiras insistem em medidas paliativas e propositadamente sem eficácia para atender a sanha criminosa dos setores negacionistas que tem no presidente Jair Bolsonaro sua grande inspiração. Dia após dia, tais ações vão se mostrando cada vez mais deletérias para o combate a pandemia no país, e a catástrofe sanitária aumenta violentamente.
Em SMO, os vereadores acabaram de cancelar as sessões presenciais e passaram a fazê-las remotamente. No entanto, validam e apoiam a manutenção de aulas presenciais promovidas pelo Prefeito Municipal Wilson Trevisan, colocando em risco iminente de contaminação milhares de alunos, professores e trabalhadores da educação, familiares e comunidade em geral. Os casos de contaminação pipocam em toda a rede estadual e municipal em atividades no município. Já há professor na UTI. Agora, se dedicam a promoção da prescrição de placebos enquanto postergam e ignoram as medidas, verdadeiramente eficazes, recomendas pelos órgãos nacionais e internacionais de saúde.
Tal atitude, além de irracional é deplorável! O PSOL fará uso de todos os meios necessários para denunciar e desmentir esta farsa, que em meio à gravidade da situação atual, é flagrantemente criminosa, pois, fere o Art. 283 do Código Penal – Inculcar ou anunciar cura por meio secreto ou infalível: Pena – detenção, de três meses a um ano, e multa.
Reiteramos, o PSOL, ciente de seu dever ético, humano e histórico, tomará todas as medidas legais e legítimas cabíveis para fazer cessar tão evidente atentado contra a saúde pública”.
Partido Socialismo e Liberdade de São Miguel do Oeste
São Miguel do Oeste, 10 de Março de 2021.