Projeto de Artesanato Kaingang recebe prêmio Elisabete Anderle 2020

Prêmio de 15 mil reais será usado para formação de jovens indígenas e para resgate de técnicas tradicionais de confecção e sustentabilidade

Já faz parte das práticas pedagógicas do povo Kaingang em Chapecó, o ensino aprendizagem do artesanato, principal fonte de renda da comunidade, passando dos mais velhos para os mais jovens. Esse ano, essa prática foi transformada em projeto cultural e inscrita no Edital Estadual Elisabete Anderle, recebendo o prêmio “Cultura dos Povos Indígenas”, no valor de 15 mil reais.

Com o recurso recebido, os jovens estudantes da Escola Indígena do Ensino Fundamental Fen’nó vão receber formação de todo o processo de confecção de artesanatos, desde o conhecimento da matéria prima, sua sustentabilidade até a criação de novos produtos e resgate de técnicas tradicionais. O curso será ministrado por educadores das Escola Fen’nó e pelas anciãs e anciãos da aldeia, que serão remunerados pelo trabalho de transmissão de conhecimento.

A proponente, Santa Maria Antunes, 38, pedagoga e pós graduada em Educação Intercultural Indígena, entende que o prêmio é um reconhecimento da necessidade de valorização dos saberes do povo e de manutenção das práticas.  “O prêmio é um incentivo para que mais famílias possam tornar viva a prática e que consigam ver sua identidade e valores estampados no grafismo e no artesanato que produzimos”, explica.

O projeto ainda oferece contrapartidas sociais em benefício de toda a região, como o plantio de taquara de Criciúma, matéria prima usada no artesanato e em extinção em função do processo de tomada das terras dos indígenas. Também a circulação de 10 balaios com materiais educativos sobre a Identidade e Artesanato Indígena, para escolas que atendem jovens não indígenas.

A museóloga Lilian Fontanari, que compartilha a gestão do projeto com Santa Maria, destaca a importância das políticas culturais no Estado e o potencial desse projeto:

“Colocar uma cultura em destaque, em forma de produto cultural, é um dever de memória, é romper com o silêncio e o esquecimento de um povo. Reconhecer o artesanato indígena é alimentar as nossas raízes culturais, uma possibilidade de nos reconhecermos no outro, na sua fala, em suas práticas.”

A equipe buscou também parceria com o Curso de Design da UnoChapecó, visando oferecer para os jovens um olhar ampliado das possibilidades do Artesanato Indígena no campo das Artes e da Economia Criativa. Alex Stumpf, Mestre em Design e coordenador do curso de Jornalismo da Uno, estimula a participação dos acadêmicos em ações culturais: “Ser parceiro neste projeto da Toldo Chimbangue é uma oportunidade de aprendizagem e troca de experiências tanto para nós quanto para a comunidade indígena” – declara.

O projeto será executado ao longo de 2021 e será finalizado com uma exposição das peças produzidas no curso.

SERVIÇO:

Página: @eieffenno

Site: escolafenno.blogspot.com/

 

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