Já faz parte das práticas pedagógicas do povo Kaingang em Chapecó, o ensino aprendizagem do artesanato, principal fonte de renda da comunidade, passando dos mais velhos para os mais jovens. Esse ano, essa prática foi transformada em projeto cultural e inscrita no Edital Estadual Elisabete Anderle, recebendo o prêmio “Cultura dos Povos Indígenas”, no valor de 15 mil reais.
Com o recurso recebido, os jovens estudantes da Escola Indígena do Ensino Fundamental Fen’nó vão receber formação de todo o processo de confecção de artesanatos, desde o conhecimento da matéria prima, sua sustentabilidade até a criação de novos produtos e resgate de técnicas tradicionais. O curso será ministrado por educadores das Escola Fen’nó e pelas anciãs e anciãos da aldeia, que serão remunerados pelo trabalho de transmissão de conhecimento.
A proponente, Santa Maria Antunes, 38, pedagoga e pós graduada em Educação Intercultural Indígena, entende que o prêmio é um reconhecimento da necessidade de valorização dos saberes do povo e de manutenção das práticas. “O prêmio é um incentivo para que mais famílias possam tornar viva a prática e que consigam ver sua identidade e valores estampados no grafismo e no artesanato que produzimos”, explica.
O projeto ainda oferece contrapartidas sociais em benefício de toda a região, como o plantio de taquara de Criciúma, matéria prima usada no artesanato e em extinção em função do processo de tomada das terras dos indígenas. Também a circulação de 10 balaios com materiais educativos sobre a Identidade e Artesanato Indígena, para escolas que atendem jovens não indígenas.
A museóloga Lilian Fontanari, que compartilha a gestão do projeto com Santa Maria, destaca a importância das políticas culturais no Estado e o potencial desse projeto:
“Colocar uma cultura em destaque, em forma de produto cultural, é um dever de memória, é romper com o silêncio e o esquecimento de um povo. Reconhecer o artesanato indígena é alimentar as nossas raízes culturais, uma possibilidade de nos reconhecermos no outro, na sua fala, em suas práticas.”
A equipe buscou também parceria com o Curso de Design da UnoChapecó, visando oferecer para os jovens um olhar ampliado das possibilidades do Artesanato Indígena no campo das Artes e da Economia Criativa. Alex Stumpf, Mestre em Design e coordenador do curso de Jornalismo da Uno, estimula a participação dos acadêmicos em ações culturais: “Ser parceiro neste projeto da Toldo Chimbangue é uma oportunidade de aprendizagem e troca de experiências tanto para nós quanto para a comunidade indígena” – declara.
O projeto será executado ao longo de 2021 e será finalizado com uma exposição das peças produzidas no curso.
SERVIÇO:
Página: @eieffenno
Site: escolafenno.blogspot.com/