Por José Coutinho Junior.
A greve de professores e funcionários técnico-administrativos das universidades federais se encerrou nesta terça (13), após mais de cinco meses de paralisação.
Ao final da greve, que ocorreu em mais de 50 instituições de ensino, não houve acordo entre os professores e governo.
O governo ofereceu um aumento salarial de 5,5% para agosto de 2016 e 5% em janeiro de 2017, enquanto que os professores pediam uma reestruturação do plano de carreira e reajuste de 19,7% nos salários.
De acordo com o Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes), as mobilizações irão continuar. Os educadores irão realizar um ato nesta quinta-feira (15), Dia do Professor.
Além do aumento salarial, está na pauta dos professores a luta por melhoras nas condições de trabalho e contra os cortes na educação decorrentes do ajuste fiscal implantado pelo governo federal.
À expansão das universidades federais, por meio de programas como o Reuni (Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), não se seguiu uma política de contratações de novos profissionais e da melhoria nas estruturas, afirma Paulo Rizzo, presidente do Andes.
“A precarização é grande, principalmente nas universidades abertas recentemente no interior. E o ajuste fiscal, que cortou R$ 11 bilhões do orçamento do MEC diminui a verba para obras de estruturas em 75%, o que vai aumentar essa precarização”.
Privatização
Não é só os profissionais da educação que estão ameaçados com as medidas recentes, e sim o caráter público da universidade, analisa Paulo.
“Existem medidas, como a PEC 395/2014, que pretende cobrar mensalidades dos cursos de especialização e do mestrado profissional, e o PL 2177/2011, de regulamentação da ciência, tecnologia e informação, que objetivam criar parceirias público e privadas e atentam contra o caráter público do ensino”.
As mobilizações dos professores irão continuar até que o governo decida se reunir para discutir e negociar propostas. Em nota à reportagem, o MEC garantiu que novas reuniões serão agendadas.
“O Ministério da Educação entende que o fim da greve é fruto do diálogo que já vinha ocorrendo entre o governo federal, em especial MEC e [Ministério do] Planejamento, e os sindicatos que representam os servidores das instituições federais. Em relação às reivindicações, informamos que o MEC continuará mediando o diálogo e novas reuniões serão agendadas com os sindicatos que representam os docentes e servidores. Ainda não temos datas definidas para estas reuniões”.
Foto: Reprodução. Andes-SN
Fonte: Brasil de Fato.