Privatização da Eletrobrás: um crime de lesa pátria

Foto: Divulgação / Federação dos bancários SC.

Na coluna “Informa Luta” dessa semana no JTT, A Manhã com Dignidade, o tema é a privatização do sistema Eletrobrás durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. O entrevistado, Wanderlei Lenartowski, é dirigente do Sindicato dos Eletricitários do Norte de Santa Catarina.

Na semana passada foi anunciado que o sistema Eletrobrás deu um prejuízo de R$469 milhões no último trimestre do ano passado e no mesmo período em 2021, antes da gestão privada, o lucro foi de R$60 milhões. Wanderlei afirma que não vê com surpresa esse prejuízo e aponta que este não foi fruto de investimento na geração de energia e sim devido à má gestão da empresa.

A privatização da Eletrobrás foi concluída em junho de 2022, por uma medida provisória do governo de Jair Bolsonaro aprovada no Congresso Nacional no dia 19 de maio de 2022, por 330 votos a favor e 166 contrários. O atual presidente do Conselho de Administração da empresa, Wilson Ferreira Junior, é vice-presidente do Crédito Suíço no Brasil e a equipe que comanda a gestão da Eletrobrás faz parte do grupo da 3G Capital, empresa brasileira-estadunidense, fundada em 2004 por Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles, Carlos Alberto Sicupira, Alex Behring e Roberto Thompson Motta, acionistas da InBev, que controla a AmBev. O grupo é o principal acionista das Lojas Americanas e responsável por seu rombo. Outro dado relevante trazido pelo entrevistado: a auditoria das Lojas Americanas foi feita pela mesma empresa que precificou a Eletrobrás, vendida à “preço de banana”. Segundo Wanderlei é necessário denunciar essas situações que podem levar a Eletrobrás ao mesmo rumo que as Americanas e o Crédito Suíço.

O governo brasileiro detém hoje 43% do capital da Eletrobrás. Mas a regra estabelecida no momento da privatização foi de que nenhum acionista poda exercer mais de 10% do seu poder de voto, ou seja, mesmo o governo tendo 43% das ações só pode exercer 10% na gestão da empresa. No entanto, se a Eletrobrás der lucro, divide-se entre todos os acionistas, mas em caso de prejuízo o governo precisa pagar 43% deste. Ademais, Wanderlei explica que se o governo quiser comprar as ações da empresa de volta, há um dispositivo, segundo ele, golpista, que só permite que as ações sejam vendidas para o governo pelo triplo do seu valor.

Durante o processo de privatização, Wanderlei diz que os trabalhadores foram pressionados à concessões no acordo coletivo, aceitando um programa de demissão incentivada sucessiva. Segundo o entrevistado, a concessão foi necessária para assegurar que não houvesse uma demissão em massa. No entanto, poucas decisões do acordo tem sido cumpridas pela empresa. Um exemplo foi o processo de seleção, após a demissão de mais de 2 mil empregados, sem concurso público.

A mobilização da categoria segue pela reestatização da empresa, e a retirada dos dispositivos que barram a possibilidade de uma gestão pública da Eletrobrás. Wanderlei afirma que o governo Lula está em disputa, o presidente se referiu à privatização da Eletrobrás como um crime de lesa pátria e se comprometeu com sua reestatização. É necessário que a sociedade cobre.

Assista à entrevista completa no link abaixo:

https://www.youtube.com/live/Ul-mgEP-b5A?feature=share&t=3080

 

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