“Demorou, mas conseguimos romper essa barreira”
Assessoria
Ana Lúcia Martins (PT), primeira mulher negra eleita vereadora em Joinville, tomou posse nesta sexta-feira (1) em sessão na Câmara de Vereadores. Em seu discurso de posse, defendeu “uma política que promova justiça social e garanta igualdade de direitos” e assumiu o compromisso de dialogar “para que os direitos humanos mais básicos sejam prioridade para esta gestão que se inicia”. Além dos 19 vereadores, Adriano Silva e Rejane Gambin, prefeito e vice-prefeita eleitos pelo Novo, também tomaram posse — Joinville passa a ser a primeira e única cidade administrada pelo partido no país.
Eleita com 3126 votos, marcando o retorno do PT à Câmara de Vereadores de Joinville, Ana Lúcia Martins iniciou seu discurso de posse pedindo licença à sua ancestralidade e agradecendo a memória de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro executada em março de 2018. “Eu sou sua semente”, afirmou Ana Lúcia. A vereadora agradeceu seus familiares e as organizações sociais e políticas responsáveis por sua eleição.
“Demorou, mas conseguimos romper essa barreira. Aqui estou eu, depois de 18 legislaturas na Câmara de Vereadores de Joinville, sou a primeira mulher negra eleita nesta cidade. É preciso comemorar, mas ainda é muito pouco. É um marco histórico para a cidade e uma grande conquista de representatividade para a população negra, que precisa gerar novos frutos”, defendeu Ana Lúcia Martins em seu discurso de posse.
Ana Lúcia afirmou que “o extermínio da juventude negra e o encarceramento da juventude envergonham nosso país” e disse que “passar por uma casa de leis sem tocar nesses temas é o mesmo que fechar os olhos para a realidade”. “Se queremos acabar com a violência que assola o país, precisamos começar pela nossa cidade. É preciso investir na educação transformadora, na moradia, no saneamento básico, na cultura, no lazer, no esporte, na geração de trabalho digno e de renda e na formação de sujeitos críticos e conscientes. Isso é investir numa cidade para toda sua gente”, defendeu a vereadora.
“É preciso um novo pacto que coloque no centro quem sempre esteve fora dele. Este é um compromisso de toda a sociedade. É possível construir juntos e juntas uma cidade melhor, promovendo a cultura da paz e a justiça social”, afirmou Ana Lúcia. “Eu assumo publicamente o compromisso de dialogar com todas e com todos para que os direitos humanos mais básicos sejam prioridade para esta gestão que se inicia. É possível fazer política que promova justiça social e garanta igualdade de direitos”, finalizou.
Eleição da mesa-diretora
Após a cerimônia de posse, os vereadores elegeram a Mesa Diretora da Câmara de Joinville nos primeiros dois anos da 19ª Legislatura. Com apoio do MDB, que deixou a prefeitura após oito anos da gestão de Udo Döhler, e do Novo, partido do atual prefeito Adriano Silva, o vereador Maurício Peixer (PL), foi eleito presidente com 14 votos favoráveis. Ana Lúcia Martins (PT) e outros quatro vereadores (PDT, PTB, DEM e Cidadania) se abstiveram. O PT de Joinville, já no segundo turno das eleições municipais, declarou que seria oposição ao governo qualquer que fosse o resultado.
