Presos políticos em mais de 10 penitenciárias colombianas entram em greve de fome

Por Cristina Fontenele.

Milhares de presos políticos da Colômbia iniciaram, no último dia 09 de novembro, uma greve de fome nacional por tempo indeterminado, em mais de 10 penitenciárias do país. O objetivo é protestar contra os maus tratos, torturas e condições desumanas que esses presos enfrentam nas prisões. Os prisioneiros de guerra das Farc-EP (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – Exército do Povo) denunciam ainda a falta de coerência e vontade política do presidente do país, Juan Manuel Santos, em concretizar os acordos de paz com a guerrilha. E exigem a libertação dos presos políticos em condições de saúde graves como um gesto recíproco de paz.

Fazem parte da greve de fome os centros penitenciários ERON Picota, Cunduy, La Dorada, Pedregal, Bellavista, Heliconias, La Tramacua, Picaleña, San Isidro, Jamundí, Palo Gordo, Cúcuta, Arauca, Buen Pastor, Acacias e Combita.

Os prisioneiros políticos do centro carcerário Eron-Picota, de Bogotá, instam as organizações políticas e sociais, entre elas o governo federal, a Conferência Episcopal da Colômbia e o Observatório pela Paz, a visitarem as penitenciárias do país e a estabelecerem um diálogo “cordial e propositivo” com os porta-vozes do movimento.

Em comunicado, os reclusos do Complexo Penitenciário e Carcerário de Cúcuta (Cocuc) assinalam que, se as solicitações não forem atendidas, eles serão obrigados a intensificarem a jornada com novos elementos, além da greve de fome, como costurar os lábios e “tudo o que seja necessário” para a liberdade dos presos doentes.

Já os detentos da Penitenciária de Coivas Picaleña, em Ibagué-Tolima, exigem a repatriação de todos os confinados em cárceres estrangeiros e a liberdade para os presos políticos. Da prisão de segurança média e alta de Valledupar, conhecida como Tramacúa, os reclusos declaram que os prisioneiros de guerra na Colômbia existem e são lutadores do povo.

Em nota, o Partido Comunista Colombiano diz que o tratamento do Estado dado aos presos políticos é uma prova palpável da degradação da classe dominante, que “frente ao inimigo vencido, perde os valores, princípios e crenças, que dizem professar”.

Segundo informações do Comitê de Solidariedade com os Presos Políticos, há denúncias de que funcionários do Inpec (Instituto Nacional Penitenciário e Carcerário) estariam intimidando os presos, com ameaças de transferência para celas de isolamento.

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A greve de fome ocorre ao mesmo tempo em que uma missão internacional da Organização Mundial contra a Tortura (OMCT) visitou, de 09 a 13 de novembro, vários centros carcerários do país, com o objetivo de avaliar a implementação das recomendações feitas pelo Comitê contra a Tortura das Nações Unidas (CAT), em maio deste ano. Como conclusões, a OMCT manifesta a necessidade da criação de uma política carcerária que proteja os direitos humanos dos presos e combate a superlotação nas prisões colombianas.

Fonte: Adital.

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