Cairo, 3 dez (Prensa Latina) Com apoio majoritário, mas enfrentando uma oposição radicalizada, o presidente egípcio, Mohamed Morsi, convocou a uma conversa sobre essas diferenças antes da data marcada para o referendo constitucional, no próximo dia 15.
A convocação foi feita ontem à noite pelo porta-voz presidencial, Yasser Alí, quem declarou que o período de transição acabará com a proclamação da carta magna e assegurou que o mandatário não abusará de suas recém assumidas faculdades onímodas, que terão um recesso depois das eleições à Assembleia Nacional.
Este fim de semana, a crise egípcia se aprofundou quando a Alta Corte Constitucional (ACC) decretou uma paralisação aberta depois de postergar seu veredicto sobre a legalidade da Assembleia Constituinte e a Choura, a Câmara alta do parlamento, devido a pressões de partidários do mandatário.
O movimento inclui a negativa de supervisionar o referendo constitucional, segundo um comunicado emitido ontem.
A Assembleia Nacional, Câmara baixa, foi dissolvida em junho passado pelo Conselho Supremo das Forças Armadas, a junta militar que governou este país desde a renúncia do ex-presidente Hosni Myubarak, até a ascensão de Morsi.
Enquanto isso, os centros de disputa continuam intocados: a decisão de Morsi de se dotar de poderes excepcionais e o projeto de constituição, impugnado pela oposição laica e as minorias que consideram o texto um esforço para islamizar a sociedade egípcia e concentrar o poder na Irmandade Muçulmana.
Em um ponto extremo estão localizados os salafistas, que não se conformam com menos que a imposición da charia, a lei islâmica, como fonte principal de jurisprudência neste país.
A disputa tem subido de tom nas últimas horas, durante as quais os opositores afirmaram que permanecerão acampados na praça Tahrir, onde estão há quase uma semana, e os partidários inundaram as proximidades da Universidade do Cairo para manifestar seu apoio.
A essa altura é impossível predizer sequer como este país sairá da crise, durante a qual os enfrentamentos entre manifestantes e polícia têm sido mais frequentes, assim como atos de vandalismo contra instalações da Irmandade Muçulmana e seu braço eleitoral, o Partido Libedade e Justiça.
Estatísticas dispersas refletem que quatro manifestantes morreram e mais de 160 ficaram feridos nos confrontos, durante os quais as autoridades têm demonstrado contenção, ao parecer para evitar complicações maiores.
A pergunta é se o Governo pode permitir que a crise se prolongue até o referendo constitucional, no qual espera um apoio majoritário, o que, também não garante tranquilidade devido à oposição de um segmento da população de todas as fés adversas à hegemonia política dos islâmicos.
Fonte: Prensa Latina