Um abrigo com capacidade para 120 pessoas começa a acolher haitianos na capital paulista. O local funcionará como reforço para a Igreja Nossa Senhora da Paz, na Rua do Glicério, no centro, que tem acolhido os haitianos desde o fechamento do abrigo em Brasileia, no Acre, no início do mês passado. Segundo o padre Paolo Parise, diretor do Centro de Estudos Migratórios (CEM) da paróquia, hoje (5), a igreja abriga 70 haitianos. Desde o problema em Brasileia, mais de 550 haitianos passaram pela paróquia.
O espaço, pertencente a uma empresa privada, servirá de abrigo emergencial, pois o empréstimo à prefeitura terá duração de três meses. De acordo com o prefeito Fernando Haddad, o espaço foi reformado em caráter de emergência e, posteriormente, será devolvido ao proprietário.
O prefeito disse que a cidade não terá problemas no acolhimento, mas que providências relacionadas à documentação precisam ser tomadas. “Nosso problema não é acolher, o problema é a organização prévia para que eles cheguem com documentação, Carteira de Trabalho. Muitos são roubados antes de chegar ao Brasil, entram no Brasil sem documentação.”
Haddad informou também que discutirá o assunto amanhã (6) com representantes da Embaixada do Haiti no Brasil. “[A finalidade é] garantir que eles [haitianos] saiam do Acre já com a Carteira de Trabalho ou que haja, nem que seja um posto avançado da embaixada, que possa providenciar documentação”, disse ele.
Segundo o prefeito, os haitianos têm conseguido contratação imediata no mercado de trabalho paulistano – 400 dos que chegaram à cidade já estão empregados. “Como a economia continua aquecida, as empresas estão contratando”, destacou. “No ano passado, a cidade de São Paulo recebeu 2,6 mil haitianos. Então, não é novidade receber migrantes. A novidade foi o fluxo intensificado nas últimas semanas”, acrescentou.
Haddad disse que será feito um acordo com o governo do Acre para evitar chegadas inesperadas de haitianos à capital paulista. O governo acriano não comunicou a decisão de fechar o abrigo e retirar haitianos de lá. “É tudo uma questão de organização e planejamento. O governador do Acre está em contato comigo, para estabelecer um trabalho em comum para que não haja surpresas de parte a parte”, explicou. “As pessoas não ficam em São Paulo, daqui elas partem para outras cidades.”
Fonte: EBC.
Foto: Arquivo/Marcello Casal Jr./Agência Brasil