Em outubro do ano passado, um estátua do navegador e explorador genovês Cristóvão Colombo que ficava numa das principais avenidas da Cidade do México, a Paseo de la Reforma, foi removida de seu pedestal para, a princípio, ser restaurada. O monumento em homenagem ao descobridor das Américas já tinha sofrido vandalismo em 1992, quando se completaram os 500 anos da chegada ao continente. Mas no último domingo (05/09), quando foi comemorado o #DíaInternacionalDeLaMujerIndígena, a prefeita da capital, Claudia Sheinbaum, anunciou que no lugar de Colombo será erguido um monumento para homenagear as mulheres indígenas.
“O legado do colonizador italiano é visto por meio de “duas visões”: uma que é eurocêntrica e outra que reconhece que existiam civilizações nas Américas muito antes da chegada de Colombo”, ressaltou Sheinbaum. “Devemos isso a elas [indígenas] e existimos por causa delas. É a história do nosso país e da nossa pátria”.
No dia 12 de outubro, o México celebra o “Día de la Raza”, que reconhece a herança de todos os povos que formam o país, como os indígenas e os europeus. É nesta data que a nova estátua deve ser inaugurada. A escultora de uma mulher olmeca será criada por Pedro Reyes.
“É muito importante dedicar um monumento às mulheres indígenas e à Terra, porque se alguém pode nos ensinar a cuidar deste planeta são os nossos povos nativos, e é precisamente isso que devemos aprender novamente”, disse o artista.
A estátua de Colombo será levada para outro parque, o América, no bairro de Polanco.
Desde o ano passado, no mundo inteiro começou-se a contestar as homenagens a figuras históricas polêmicas da época das “colonizações” e também, do período escravocrata. Em junho do ano passado, por exemplo, a estátua de uma escravagista foi derrubada na Inglaterra, como parte dos protestos contra o racismo que tomaram as ruas de diversos países.
Várias empresas também começaram a rever seu marketing e o uso da imagem de negros, após as manifestações do movimento #VidasNegrasImportam. Mars, PepsiCo, Unilever e Disney anunciaram mudanças em embalagens e produtos: um processo de mea culpa coletivo para combater o racismo e a exploração do estereótipo dos negros.
Na capital dos Estados Unidos, após décadas de críticas, um dos mais famosos times de futebol americano mudou o nome em respeito aos povos indígenas. Depois de 88 anos, o Washington deixou de usar a imagem de um indígena como mascote da equipe e o nome “Redskins”, que perpetua o racismo aos povos nativos.