Praça do povo

Por Claudia Weinman, para Desacato. info. 

Dia 08 de outubro de 2017. Nessa data mais uma edição do projeto “Palco Aberto” aconteceu na praça Walnir Bottaro Daniel em São Miguel do Oeste/SC. A praça, o lugar do povo, das gentes, estava repleta de pessoas, algumas que participam do projeto, outras que ocupam o espaço do povo para trocar palavras e tem ainda as que levam a sua arte para expor à quem desejar conhecer.   

A capoeira por exemplo, é uma expressão cultural brasileira, de origem africada, utilizada em seus primórdios como forma de defesa e resistência a violência e opressão que os escravos sofriam. Toda e qualquer luta era proibida pelos senhores do engenho que se utilizavam da mão de obra escrava. Datada no século VXI, a capoeira tornou-se um método de defesa que envolve dança, ritmo, luta. A capoeira foi proibida no Brasil até a década de 30, por ser considerada uma prática violenta, no entanto, o estereótipo remonta a perseguição a essa prática cultural e histórica que além de trazer alívio aos dias de trabalho explorado dos escravos daquela época, também simbolizava a manutenção de sua cultura. 

Em São Miguel do Oeste/SC existe um grupo que se reúne todas as tardes de domingo, em uma roda de capoeira. Crianças, adolescentes e adultos buscam rememorar essa cultura e manter acesa a história dessa expressão cultural. O instrutor Edson Seringueira que faz parte da Associação de Capoeira Cordão de Contas, é quem conduz o grupo e afirma que o objetivo dessa prática é reunir cada vez mais gente. “Queremos transformar a capoeira em um cartão de visitas, fazer rodas como essas que acontecem em São Paulo, na Bahia, Brasília, Rio de Janeiro, e outros lugares”, disse ele.  

Seringueira menciona que por meio do projeto da Fundação cultural, o qual existe a mais de 13 anos no município, crianças e adolescentes tem a oportunidade de conhecer a prática e a história da capoeira. A comunidade segundo ele está convidada a se juntar a essa roda na praça Walnir Bottaro Daniel e também, pode buscar maiores informações de como participar das oficinas de capoeira da fundação cultural por meio do telefone: (49) 3622-6208.  

Roda de capoeira em São Miguel do Oeste/SC.

 Fonte de renda e terapia de vida

Além da capoeira, a praça da cidade também é espaço para artistas, a exemplo da professora de artes, Vanessa Matte Mallmann. A educadora trabalha a aproximadamente seis meses na elaboração de mandalas. Existem fontes que explicam que o “quadro” tem o significado em algumas línguas da península indostânica, de círculo. Além de ser um item decorativo, o simbolismo que as mandalas carregam estão relacionados a concentração, meditação e outros sentidos. Vanessa, que é de Iporã do Oeste/SC, já expôs suas obras no município de Chapecó e agora busca aproximar São Miguel do Oeste do conhecimento dessa arte. “A mandala tem servido como uma terapia, além de ser uma forma de renda. Tenho interesse em expor mais vezes aqui em São Miguel do Oeste e espalhar essa arte para outros lugares”, disse. Em seu perfil do facebook, no endereço https://www.facebook.com/vanessa.ipo, é possível encontrar diversos modelos de mandalas. “É importante que as pessoas conheçam cada vez mais esse trabalho. Por isso também utilizei o espaço da praça nesse final de semana, para conseguir aproximar a comunidade dessa simbologia”, disse ela. 

Artista Vanessa Matte Mallmann.

 Artistas locais 

Músico Gaspo “Harmônica”.   

Canções de artistas locais fazem acontecer o projeto “Palco Aberto”. Nesse dia 08, o músico Gaspo “Harmônica” trouxe seu repertório para o público. Além dele, a oficina de violão da Fundação Cultural do município, conduzida pelo professor Pedro Pinheiro realizou apresentação com nove alunos.

O Diretor da Funcultura, Carlos Magno Ribeiro Chaves já manifestou que além das canções apresentadas, a intenção do projeto é de que danças, teatro e outras expressões culturais possam ser inseridas na programação. Além disso, artistas de outros municípios que desejarem participar dessa proposta devem ligar na fundação de cultura e manifestar sua disponibilidade para participar do projeto. Exposições de poesias e leituras também se encaixam nessa ideia, que tem sido  bem aceita pela população e tornou-se ao longo desses anos um gosto popular. 

Apresentação da oficina de violão, conduzida pelo professor Pedro Pinheiro.

E assim, a praça, espaço de tantos e tantas vai sendo ocupada. Praça do barulho, das canções, da artista, dos cantadores, da dança, praça do poema, das manifestações. Praça que recebe a mala dos viajantes e acolhe. A comunidade já sabe que nela pode estar todos os dias mas que especialmente aos domingos existe uma programação diferenciada, é só chegar.

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