Povo Xakriabá mantém viva a memória de seus mártires

No dia 12 de fevereiro de 2023, o povo Xakriabá celebrou a memória de seus mártires – Rosalino Gomes, Manoel Fiúza e José Pereira –, data que marcou a luta indígena no norte de Minas Gerais

O dia 12 de fevereiro é um marco para o povo Xakriabá: data de relembrar os seus mártires – Rosalino Gomes, Manoel Fiúza e José Pereira. Foto: arquivo Cimi Regional Leste

Por Cimi Regional Leste.

No dia 12 de fevereiro de 2023, o povo Xakriabá celebrou a memória de seus mártires, data importante que marcou a luta indígena no norte de Minas Gerais. Essa memória é uma reverência aos mártires e um momento importante de formação, resistência, existência e resiliência.

O assassinato de Rosalino Gomes de Oliveira, Manoel Fiúza e José Pereira ocorreu na madrugada de 12 de fevereiro de 1987. No episódio, um grupo de pistoleiros liderados pelo fazendeiro Francisco de Assis Amaro invadiu a aldeia Sapé, às duas horas da madrugada, para cometer a barbárie. Esse fato gerou repercussão e os réus foram levados aos tribunais, julgados e condenados pelo crime de genocídio.

Passados 36 anos desse episódio, o povo Xakriabá mantém viva a sua resistência e reconstrói a sua história de luta alicerçada na memória dos seus guerreiros e guerreiras ancestrais. A comunidade Xakriabá vive um processo de tomada de decisões sobre os rumos e perspectivas a serem trilhados na busca de soluções perante os desafios que impactam a sua sobrevivência. A crescente vulnerabilidade em função da escassez de recursos hídricos, o esgotamento das terras cultiváveis e a carência de serviços básicos são algumas das urgências que se anunciam fortemente.

Nos últimos anos, o povo Xakriabá tem se tornado uma referência nos processos de enfrentamento ao descaso nesse cenário político, exigindo coragem e engajamento nos processos de luta pela recuperação de mais uma parcela do seu território. Tudo isso tem custado aos Xakriabá o cerceamento da sua liberdade, o que levou várias lideranças a serem inclusas no Programa de Proteção de Defensores de Direitos Humanos.

A luta enquanto herança ancestral é uma missão assumida pelas gerações e um compromisso coletivo com a memória e o respeito aos guerreiros e guerreiras que doaram a sua vida pelo direito de ser e pensar diferente e de manter sempre vivo os seus projetos, que representam o futuro da humanidade.

A presença Xakriabá nos espaços de definições políticas é uma verdadeira ferramenta de transformação da sua realidade. Os indígenas desse povo passaram a ocupar espaços na política municipal, legislativa e executiva. Exemplo disso é a vitória de Célia Xakriabá, eleita deputada federal em outubro de 2022 – um passo importante e mais um marco histórico da luta indígena no estado de Minas Gerais.

Rosalino Gomes de Oliveira, Manoel Fiúza e José Pereira vivem na memória e na ação histórica de luta que mantém vivo o esperançar do seu povo.

Território Xakriabá

O território Xakriabá está localizado nos municípios de São João das Missões e Itacarambi, no extremo norte de Minas Gerais. Atualmente, a população aproximada é de 12 mil indígenas, que vivem em 37 aldeias. O território possui uma área demarcada e homologada de 54.414 hectares; uma área em processo de demarcação de 43.517 hectares; e a principal reivindicação dos indígenas é o acesso às áreas localizadas nas margens do Rio São Francisco.

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