Para Jean Wyllys, o PSOL fez a diferença para que Dilma Rousseff alcançasse a reeleição. Por isso, pode criticar a inclinação à direita do governo.
No segundo turno das eleições presidenciais de 2014, o PSOL recomendou à sua base o voto nulo, branco ou em Dilma Rousseff. O deputado Jean Wyllys foi um dos primeiros do partido a declarar abertamente seu apoio à candidatura do PT na disputa contra o tucano Aécio Neves. Por causa de sua ampla mobilização em defesa da presidenta, o deputado se diz “decepcionado e indignado” com os primeiros movimentos do governo neste mandato. “Concentramos esforços e fizemos a diferença para a Dilma vencer”, afirma Wyllys. “Por isso, tenho razões para criticar essa inclinação à direita do governo. Não votei neste projeto.”
Defensor de pautas progressistas, como a regularização da venda da maconha e a criminalização da homofobia, Wyllys terá de enfrentar o Congresso mais conservador desde 1964, presidido por Eduardo Cunha, o porta-bandeira de uma cruzada contra “gays, abortistas e maconheiros”. Wyllys afirma que Cunha organiza a Câmara de modo a fragilizar as bases partidárias e reforçar a chamada “bancada BBB”: bíblia (evangélicos), bala (indústria armamentista) e boi (agronegócio). “A situação está dura não apenas por causa do enfrentamento político, mas do ponto de vista humano. É terrível termos de conviver diariamente com parlamentares cada vez mais agressivos.”
Sobre a latente campanha da oposição pelo impeachment de Dilma, Wyllys entende tratar-se de um revanchismo tucano estéril, alimentado por Cunha para chantagear o governo por cargos e posições de poder. Na terça-feira 10, Wyllys reuniu-se com a bancada do PSOL para declarar a oposição do partido às medidas de austeridade do governo Dilma e apresentar opções para o que consideram uma “crise político-econômica” vivenciada pelo País.
Na ocasião, o deputado afirmou que a oposição do PSOL não pode ser confundida com o golpismo de outros grupos políticos. “Não podemos tratar todos os parlamentares petistas como corruptos”, disse. Apesar da postura ponderada, o deputado não deixa de cutucar o partido. “O PT tem de fazer a autocrítica. Não importa se a corrupção começou no governo de Fernando Henrique Cardoso. Enquanto justificar um esquema de corrupção por outro, vai gerar cada vez mais antipatia e rejeição.”
*É deputado federal pelo PSOL
Foto: Antônio Cruz/ Agência Brasil
Fonte: Carta Capital