Por Diana Assunção.
2017, há 100 anos da Revolução Russa e no 8 de março se prepara uma paralisação internacional das mulheres em dezenas de países. Não nos faltam motivos pra lutar no dia internacional das mulheres. As mulheres são 70% da população pobre de todo o mundo, recebem salários menores que o dos homens (que dirá as mulheres negras!), morrem por abortos clandestinos, sofrem estupros todos os dias, têm os piores e mais precários postos de trabalho, e serão as maiores vítimas da reforma da previdência e trabalhista.
Precisamos lutar porque existem mais de 13 milhões de terceirizados em nosso país e a grande maioria são mulheres, com salários menores e sem direitos trabalhistas. Precisamos lutar porque enquanto milhares de mulheres continuam sendo assassinadas apenas por serem mulheres, o goleiro Bruno é agraciado por toda a imprensa e o corpo de Eliza Samudio continua desaparecido. Precisamos lutar porque as mulheres não têm direito pelo seu próprio corpo, não têm direito à maternidade com uma saúde caótica em nosso país e condições de vida precárias e porque não têm o direito a um aborto legal, seguro e gratuito. Precisamos lutar porque ainda que os canais de TV tenham programas que falem da nossa luta, o machismo se expressa cotidianamente na vida de milhões de mulheres em todo o nosso país sustentado pelo estado capitalista, pelos patrões, pelos governos e também pela grande mídia.
“Este 8 de março precisa ser histórico. Como dizem nossas companheiras do Pão e Rosas na Argentina é pra fazer a terra tremer.”
Tremer com a força imparável das mulheres que se levantaram contra Trump, que se levantaram contra os assassinatos gritando “nem uma a menos” e que podem expressar um novo momento de luta, como colocam as ativistas norte-americanas uma luta feminista pelos 99% da população e não para o 1% de ricos e poderosos.
Isso abre pra nós a possibilidade de ver que além de enfrentar todo o machismo e a violência, com a maior unidade possível, precisamos enfrentar também o feminismo burguês e liberal que está aí apenas pra manter a sociedade tal como ela é. E temos a possibilidade de ser parte de um feminismo que questione essa sociedade, levantar bem alto as bandeiras socialistas e revolucionárias, nos aliando à classe trabalhadora pra dizer: o capitalismo não dá mais!
“Nos inspiramos nas grandes revolucionárias do século XX, que de forma apaixonada entrelaçaram a luta pela revolução socialista com a verdadeira luta pela emancipação das mulheres.”
É por isso que o grupo de mulheres Pão e Rosas irá contribuir com essa discussão neste mês de março trazendo a público pelas Edições ISKRA e Centelha Cultural duas publicações da maior relevância: “Feminismo e Marxismo” e “Pão e Rosas – Identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo”.
Estamos batalhando por um 8 de março unificado, e exigindo das centrais sindicais como a CUT e CTB que construam de fato uma paralisação real, onde parem todas e todos, em defesa das mulheres. Que estas centrais sindicais parem de dividir as mulheres do conjunto da classe trabalhadora, e convoquem o ato para a Avenida Paulista junto com a assembleia dos professores, categoria majoritariamente feminina.
E que a Marcha Mundial de Mulheres pare com sua política de separar o nosso 8 de março da luta internacional e da enorme paralisação internacional que se está organizando em dezenas de países.
Por nem uma a menos, a vida das mulheres negras importam. Pelas imigrantes, contra o tráfico sexual de mulheres e pela efetivação de todas as terceirizadas já. Pelo direito ao aborto legal, seguro e gratuito. Por creches, restaurantes e lavanderias comunitárias, contra os assassinatos LGBT e pela livre identidade de gênero. Contra a reforma trabalhista e da previdência do governo golpista de Temer. Queremos todos os nossos direitos agora. Mas queremos muito mais que isso. Queremos nosso direito ao pão, mas também às rosas!
Chamamos os homens que querem lutar nesta perspectiva a neste 8 de março e em todos os dias enxergar a vida com o olhar das mulheres, como dizia o revolucionário russo Leon Trotsky. Chamamos as mulheres a ser parte de um feminismo classista, revolucionário e socialista, pra lutar pelos nossos direitos mas por uma sociedade onde sejamos livres de toda a exploração e opressão. E fazemos este chamado a partir da perspectiva das mulheres trabalhadoras, negras, terceirizadas, imigrantes porque aqueles que lutam com mais energia pelo novo, são os que mais sofreram com o velho. E não temos dúvida, como a história já mostrou muitas vezes, que as mulheres serão linha de frente das grandes transformações sociais da nossa época.
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Fonte: Esquerda Diário