Por que os telejornais da Globo não citam o nome do PCC e de outras facções

Por Maurício Stycer.

A cobertura jornalística do assassinato de 60 presos em um presídio em Manaus no primeiro dia de 2017 chamou a atenção, mais uma vez, para a postura dos telejornais da Globo. Por conta de uma regra interna, a emissora não menciona o nome de nenhuma facção criminosa.

Como a rebelião, a fuga e as mortes foram causados, tudo indica, por uma guerra entre diferentes facções, apresentadores e repórteres da Globo têm feito, desde então, um grande malabarismo vocabular (veja o vídeo acima). Tudo para não mencionar os nomes do PCC (Primeiro Comando da Capital) e da FDN (Família do Norte do Amazonas), acusados de estarem por trás da disputa que levou ao massacre. Esta mesma restrição se aplica ao noticiário de outras rebeliões ocorridas desde então.

Esta proibição existe na emissora desde a década de 1980, quando o Comando Vermelho, uma organização criminosa nascida no Rio, tomou o noticiário. A regra (não escrita) nasceu da percepção de que citar o nome destes grupos seria uma forma de dar publicidade a eles, valorizar ações criminosas, celebrizar a vida de pessoas acusadas por crimes graves e, eventualmente, estimular outras pessoas a seguirem o mau caminho.

Além da Rede Globo, a regra ainda é respeitada pelos telejornais da GloboNews, mas outros veículos do grupo já são mais flexíveis. Recentemente, o jornal “O Globo” passou a citar os nomes dos grupos criminosos. O site de notícias G1 também menciona. Em alguns casos, prevaleceu a ideia de que não é possível explicar uma guerra entre facções sem mencioná-las.

O blog tentou ouvir a emissora sobre o assunto, mas não obteve resposta. Seis jornalistas que trabalham ou já trabalharam no grupo me ajudaram com as informações aqui publicadas.

Fonte: Contexto Livre.

UOL.

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