Por Thiago Ávila – @thiagoavilabr
POR QUE NÃO COMEMOREI A SUSPENSÃO DE TRUMP NAS REDES SOCIAIS (e acredito que não é uma boa ideia fazer isso)?
Segue um fio preocupado…
— Thiago Ávila | Canal Bem Vivendo (@thiagoavilabr) January 9, 2021
Reprodução Twitter:
Sim, a extrema-direita se especializou no big data, nos algoritmos, nas fake news e no uso das redes sociais para alavancar seu projeto terrível de destruição do mundo. Trump, suspenso, perde um instrumento importante de difusão e convocatória pra sua base social.
Sim, é revoltante e deve nos causar indignação o que a extrema-direita (nossa maior antagonista no mundo hoje) faz. A oposição a esse setor deve ser firme e abrangente, sem hesitação pra impedir o projeto de futuro explorador, opressor e destruidor da Natureza que eles defendem.
E sim, é a extrema-direita, mas será que deve caber a grandes corporações de mídias e redes (capitalistas que defendem o status quo), sem nenhum processo judicial nem participação e regulação popular, decidir quem pode ou não falar ou até o conceito de “apologia à violência”?
Recentemente conversava com @safbf sobre as perseguições que a @teleSURtv sofre (inclusive com banimentos e etc) e a importância de defendermos neutralidade nas redes e regulação estatal e popular desses mecanismos. Mas, mesmo assim, ainda tem dilemas de orientação política.
Vale tudo pra criticar a extrema-direita? Já vi gente de esquerda reclamando em marchas reacionárias que eles “atrapalhavam o direito de ir e vir”, chamando de “desocupados”, “vândalos” e etc. Já vi até gente dizendo que não pode falar de mudanças em sistemas de governo.
Vi pessoas conscientes denunciando a ação no capitólio e praticamente ignorando a orientação política neofascista e focando em críticas à tática em si de ocupação de prédios públicos. Mas ué, a gente não faz isso o tempo todo e defende a ocupação popular de tudo? Olha só…
Toda vez que vi pessoas fazendo essas críticas, fiquei pensando na quantidade de vezes que eu e tantas pessoas fomos criticados assim. Todas as marchas, as ocupações, as ações diretas… Todas as convocatórias online pra mobilizações e enfrentamentos mais firmes a governos.
Poucos meses atrás veio muita gente me criticar por dizer que o que precisamos para o Brasil era “construir a maior, mais enraizada e mais ousada revolta popular que esse país já viu”. Eu sigo defendendo isso, e acredito que é algo cada dia mais urgente.
Aliás, não foi em Washington, mas 11 anos atrás aqui em Brasília (outra capital) nós tentamos com todas as nossas forças ocupar o parlamento também quando estavam encaminhando uma eleição indireta depois de termos derrubado o governador Arruda. A repressão foi terrível esse dia.
E o que dizer sobre junho de 2013? Naqueles dias a gente tentava (com fraca organização e disputando as ruas com a direita) ainda assim ocupar parlamentos, sedes de governo e etc… A força que teve em BH aqueles dias teve muito a ver com o sucesso da ocupação da câmara.
Voltando à questão das redes, quantas vezes a gente não vem aqui pra falar da necessidade de construção do Poder Popular, de acabar com o capitalismo e colocar uma nova sociedade no lugar dessa? Quantos chamados fazemos pra construção de uma Revolução? Entendem os riscos?