Por que discutir racismo na questão agrária?

O racismo no Brasil é estrutural e perpassa todas as relações sociais, econômicas, políticas e culturais. O país foi o último do continente americano a abolir a escravidão, em 1888, o que no papel, não garantiu nenhum direito para a população negra. Teve o maior contingente de escravizados, aproximados 5 milhões. Por mais que o racismo esteja intrínseco à história brasileira, nunca ouve um enfrentamento no sentido de superar, sendo muitas vezes visto como o problema do outro, do não branco.

O Estado foi aparelhado de modo a sustentar a estrutura racial, como por exemplo a Lei de Terras em 1850, que impedia que negros libertos tivessem acesso à terra, A Lei 9081/1911, que previa a imigração e colonização de imigrantes europeus, em sua maioria, com acesso à terra, colônias, educação etc. Com a reconfiguração do racismo no pós abolição, é urgente refletir sobre a exclusão do acesso à terra e a luta dos movimentos socioterritoriais pela Reforma Agrária, refletir sobre as populações Indígenas e a violência em seus territórios, sobre as populações quilombolas.

O racismo pauta hierarquias socioterritorias, constituindo pilares da desigualdade, que perpassa povos, diferentes tempos, daí urgência do debate racial, do racismo estrutural e suas interfaces. Será que os latifundiários brasileiros têm cor? Será que os sem-terra têm cor? Racismo é problema do negro? A Reforma Agrária também teria um sentido de política afirmativa? A desigualdade fundiária está relacionada à desigualdade racial?

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