Por Claudia Baumgardt, para Desacato.info.
Há um tempo que para a “terra” é reservado o espaço de propriedade, de provedora de riquezas. Ainda por muitos é tratada desta forma. Há os que acreditam que ela precisa ser banhada com rios de veneno para produzir plantas inférteis, há os que dela sugam até tirar sua fertilidade e ainda os que nela derramam o sangue de seus filhos para tão somente arrancar de seu ventre a vida.
Arrisco-me a falar que da terra vem o grito de misericórdia que o ser humano não parece ser evoluído o suficiente para compreender. Na história da evolução, da tão louvável característica de raciocinar do animal humano, me questiono por que deixamos a racionalidade de lado quando se trata da terra, da luta por ela ou ainda do seu manejo?
A história da humanidade gira em torno de como o ser humano se adaptou à terra e ao clima em diferentes regiões do planeta, e como que se relacionando com ela conseguiu sobreviver, se estabilizar e gerar grandes riquezas.
Podemos dizer que o grande declínio da “humanidade” do ser humano, surgiu com a propriedade privada. Vejamos, no primórdio da evolução do ser humano, a terra e a natureza lhes serviam, e estes de forma organizada e equilibrada utilizavam dos recursos que estas lhes forneciam tão prontamente em meio a diversos percalços encontrados. Relação esta com a terra que os povos indígenas resistentemente procuram manter.
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Com a sedentarizarão e formação das primeiras sociedades no planeta, surge um sentimento de individualismo que matou desenfreadamente muitos que ousaram questionar esta situação ao longo da história .
Quando se reconhece a terra tão somente como uma propriedade se perde a clareza de como o ser humano se constituiu parte dela, dependente dela e não dono dela.
E são estes dois lados que marcam a luta pela terra na América, dos que dela querem sugar sua seiva e depois descartar, que só visam lucrar, e dos que nela veem a sobrevivência, a esperança da igualdade, uma vida com dignidade.
E assim como o grito de ordem da Pastoral da Juventude Rural aborda, “Da mãe terra, luta e resistência!” são muitos os que foram esquecidos que desenham esta luta e resistência ao longo da nossa história… Então, que os esquecidos gritem!
Até a próxima.
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Claudia Baumgardt, professora de história na rede municipal de Santana do Livramento – RS, Militante do coletivo da Pastoral da Juventude do Meio Popular (PJMP) e da Pastoral da Juventude Rural (PJR), editora do JTT Indigenista.
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