Por Ana Freitas.
Milhões de trabalhadores indianos do setor público praticamente pararam a Índia no dia 6 de setembro. A paralisação geral, que durou um dia, foi feita em protesto à política econômica do primeiro-ministro indiano, Narendra Modi – e teve um impacto à economia avaliado em cerca de US$ 2 bilhões.
O número de trabalhadores envolvidos no protesto varia de acordo com a fonte – segundo o governo, foi por volta de 1 milhão, mas a imprensa econômica indiana fala em 150 milhões, enquanto os sindicatos dizem que 180 milhões de trabalhadores pararam.
Geralmente, grandes greves gerais chegam a casa das dezenas ou centenas de milhares. E uma das maiores da história, em maio de 1968 da França, mobilizou 11 milhões de trabalhadores. Ainda que desencontrados, os números indicam que a Índia, que tem 1,2 bilhões de habitantes (é o segundo país mais populoso do mundo), pode ter conduzido a maior paralisação da história da humanidade.
A greve foi articulada por trabalhadores de 10 sindicatos diferentes e afetou bancos estatais, órgãos do governo, indústrias e transporte público em vários Estados, especialmente naqueles em que os partidos de oposição à Modi têm mais representatividade.
Por que os trabalhadores estão em greve
O primeiro-ministro, Narendra Modi, vem anunciando planos para privatizar uma série de serviços públicos desde o final de 2014. Ele foi eleito em maio daquele ano.
Modi fez movimentos em direção à privatização de diversos serviços e empresas estatais, da empresa que administra o transporte ferroviário na Índia até bancos públicos e corporações de exploração de recursos naturais, como alumínio, carvão, zinco e petróleo – todas pertencentes ao estado indiano. Ele também pretende aumentar a participação de investidores estrangeiros na administração dos serviços.
Segundo o primeiro-ministro, essa é uma maneira de garantir modernização dos serviços e aumentar a eficiência das empresas, além de arrecadar mais de US$ 4 bilhões para o governo.
Os sindicatos de trabalhadores do setor público, no entanto, temem que as privatizações possam causar o fechamento de fábricas e indústrias pouco produtivas, demissões e precarização dos direitos trabalhistas. Por isso, entraram em greve.
Além de demandar que os planos de privatização sejam abandonados, eles também decidiram parar por aumento no salário mínimo e direitos a seguridade social e plano de saúde.
Modi assumiu prometendo modernizar a economia indiana e aumentar o número de vagas de emprego no país.
O resultado da greve
De acordo com sites de notícias indianos, a greve não afetou a distribuição de água e luz em grandes cidades, como Nova Delhi e Mumbai – mas, em Estados como Punjab, Karnatak e Kerala, praticamente todos os serviços foram interrompidos.
Diante do anúncio e das proporções da greve, o Ministro das Finanças Arun Jaitley anunciou o aumento do salário mínimo de 246 rúpias por dia – o equivalente a R$ 11,80 – para 350 rúpias, cerca de R$ 17. Além disso, Jaitley também anunciou o descongelamento de bônus para certos setores do funcionalismo público indiano.
Os sindicatos, no entanto, não ficaram satisfeitos – querem um aumento de 100% no salário mínimo, além do abandono dos planos de privatização das estatais.
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Fonte: Nexo