Durante três dias, os representantes dos pontões de cultura fomentados pelo Ministério da Cultura (MinC) se reuniram, em Brasília, para debater os planos de trabalho e a forma de atuação desses grupos culturais no fortalecimento da Política Nacional Cultura Viva (PNCV). Com a presença de 90 fazedores de cultura de todas as regiões do país, o 1º Seminário de Pontões de Cultura – Política de Base Comunitária Reconstruindo o Brasil, realizado entre os dias 3 e 5 de junho, marcou o início de uma parceria entre o MinC e as instituições selecionadas por meio de um Edital de Chamamento Público para articular e mapear as redes territoriais e temáticas desses espaços.
“A rede de pontões de cultura é uma das estratégias mais importante que estamos iniciando após a reativação da Política Nacional Cultura Viva, que soma 42 pontões num esforço conjunto para que a gente possa nutrir essa política, reativar a nossa rede e as instâncias de participação, como os fóruns, as teias estaduais e a teia nacional. Então, esse é um grande momento da Cultura Viva”, ressaltou a secretária de Cidadania e Diversidade, Márcia Rollemberg.
Além de representantes do Sistema MinC e da Comissão Nacional de Pontos de Cultura (CNPdC), estiveram presentes também os pesquisadores das universidades federais da Bahia (UFBA), do Paraná (UFPR) e Fluminense (UFF), integrantes do Consórcio Universitário que formalizou uma parceria com a Secretaria de Cidadania e Diversidade Cultural para contribuir, entre outras ações, com o processo formativo dos pontões e dos agentes culturais. Segundo o diretor da Política Cultura Viva, João Pontes, a metodologia de trabalho está sendo construída de forma participativa com a sociedade civil e o apoio das universidades.
“Os pontões de cultura têm um papel estratégico no processo de retomada, ampliação e fomento à rede nacional desses pontos, especialmente a partir do investimento histórico da Política Nacional Aldir Blanc. Por isso, é importante que tenham uma atuação integrada, desenvolvendo metodologias conjuntas de mapeamento, diagnóstico, formação articulação e mobilização das redes estaduais e temáticas de Pontos de Cultura, inclusive, junto aos quase 600 agentes de Cultura Viva ligados às suas atividades. Foram três dias incríveis de elaboração de estratégias coletivas para reinventar o Brasil a partir da base comunitária!”
A representante do Pontão Paraíba Cultura Viva, Alice Monteiro Lima, destaca que foi aberto um novo canal de diálogo com os ponteiros. “A política de incentivo aos pontões é estratégica e decisiva porque atende a uma demanda muito grande do movimento de pontos de cultura. Ela vem com um novo formato porque está olhando para a gestão compartilhada e trazendo as universidades para dar esse apoio à questão da execução de um metodologia experimentada, observando também a expertise e os know-how dos próprios pontos de cultura e o processo de formação antecipada para ajustar a execução desses planos de trabalho”, observou.
Para o ponteiro Akin Olori de Ogum, do Pontão de Matriz Africana, o encontro possibilitou a integração entre os pontões. “O evento foi bom para entender o que cada pontão está desenvolvendo e como a gente pode potencializar um ao outro e trabalhar em rede, ou seja, como é que a gente vai pode fazer uma parceria”, explicou. A expectativa agora, segundo Akin, é iniciar o projeto cultural. “A gente quer ampliar o que já vinha sendo desenvolvido e tentar recuperar esses últimos anos que fomos parados. Desde a Covid, perdemos alguns mestres e a juventude também se desmobilizou. Estamos encontrando formas de, ao mesmo tempo, atingir as metas estipuladas pelo edital, mas também conseguir trabalhar com a nossa base. O nosso projeto é basicamente estruturado nos terreiros, então cada terreiro vai indicar os jovens que vão compor o agente Cultura Viva e a partir daí vão desenvolver ações integradas na rede e no terreiro onde eles estão. Todas as nossas ações são para uma aproximação intergeracional entre jovens e os mais velhos, sempre pautando a questão da ancestralidade e valorizando os mestres”, completou.
Rede de pontões de cultura
Dos 42 pontões de cultura fomentados, 27 são territoriais e estarão presentes em 22 estados e no Distrito Federal. Somente Alagoas, Mato Grosso, Amazonas e Paraná não tiveram entidades selecionadas no eixo pontão estadual. Em relação à categoria temática, setorial e identitária, 15 pontões vão atuar no desenvolvimento de projetos em áreas como cultura popular e tradicional, diversidade, cultura indígena, cultura de matriz africana, patrimônio e memória, literatura, digital, entre outras.
As iniciativas selecionadas receberão um repasse de R$ 400 mil a R$ 800 mil para a execução de um projeto cultural pelo período de 12 meses. Ao todo, 306 Pontos de Cultura estarão envolvidos nessa estratégia, considerando que cada pontão tem um comitê gestor, além de 586 agentes culturais. Entre as ações a serem desenvolvidas pelos pontões estão as campanhas e as atividades de formação para a Rede Cultura Viva. A estimativa é que sejam ofertadas mais de 19 mil vagas nessas ações.
A representante do Comitê Gestor do Pontão de Cultura Indígena, Susana Caingang, está otimista com a nova estratégia de fomento. “Esse Pontão vai fazer o mapeamento e todo esse trabalho dentro da temática indígena. Então, a gente tem a expectativa de que o pontão consiga reunir ao máximo informações sobre a realidade indígena na questão cultural e que, minimamente, haja uma formação maior junto aos jovens, aos agentes, para que eles possam contribuir futuramente na realidade dos povos indígenas no sentido de acessar os recursos culturais como a Cultura Viva, a Lei Paulo Gustavo e a Política Nacional Aldir Blanc”, disse.
Pontos e pontões de cultura
Os pontões e pontos de Cultura são os principais instrumentos da PNCV. Os pontos de cultura são entidades ou coletivos culturais que desenvolvem e articulam atividades culturais em suas comunidades.
Já os pontões são entidades de natureza cultural e/ou educativa destinadas à mobilização, à troca de experiências, ao desenvolvimento de ações conjuntas com governos locais e à articulação entre os diferentes pontos de cultura que poderão se agrupar em nível estadual, regional ou por áreas temáticas.
Dessa forma, os pontões se diferenciam dos pontos não pelo tamanho ou volume de recursos, mas pela finalidade. Enquanto os pontos têm o propósito de atuar diretamente com as comunidades e os territórios, os pontões desenvolvem ações em rede junto aos pontos de cultura sem necessariamente ter que atuar em um território específico.
Campanha Cultura Viva 20 anos
No primeiro dia do seminário, a ministra Margareth Menezes lançou a campanha Julho Cultura Viva Pelo Brasil, que celebra o aniversário de 20 anos da Política Nacional Cultura Viva. Também convidou a sociedade civil, o parlamento e os gestores culturais dos entes federados a comporem o calendário nacional de celebração, compartilhando com o MinC as atividades programadas para julho – mês que concentra as datas de constituição e institucionalização da PNCV.
Já está disponível um formulário de inscrições dessas agendas. O período de cadastramento seguirá até 30 de junho. Em relação ao tipo de atividade, a campanha traz o mote Celebre os 20 anos da Cultura Viva com o que você faz, propondo que os grupos e entidades culturais façam celebrações dentro da sua realidade de atuação.
#DesacatoPontodeCultura