A Polícia Federal (PF) encontrou no computador do ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem uma gravação de áudio de uma reunião com o então presidente da República, Jair Bolsonaro. Na reunião, discutem um plano para proteger o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) de investigações sobre desvios de recursos. A informação é da coluna do Aguirre Talento, do portal “UOL”.
De acordo com as investigações, a gravação revela que Bolsonaro aprovou um plano apresentado por Ramagem para abrir procedimentos contra os auditores fiscais que investigaram Flávio Bolsonaro. O objetivo era anular as investigações do caso das rachadinhas — desvios de recursos dos funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro durante seu mandato como deputado estadual.
A estratégia traçada por Ramagem foi efetivamente colocada em prática, resultando na anulação da investigação sobre Flávio Bolsonaro na Justiça.
A gravação de áudio, supostamente feita pelo próprio Ramagem, tem aproximadamente uma hora de duração. Além de Bolsonaro e Ramagem, participaram da reunião o então ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e uma advogada de Flávio Bolsonaro. A reunião ocorreu em 25 de agosto de 2020.
Para a PF, o áudio comprova o uso da estrutura da Abin em defesa dos interesses pessoais de Jair Bolsonaro.
Essa nova prova foi apresentada ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, e contribuiu para a deflagração da quarta fase da Operação Última Milha, que resultou na prisão de cinco alvos nesta quinta-feira (11).
Nesta fase, os agentes cumpriram cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão nas cidades de Brasília (DF), Curitiba (PR), Juiz de Fora (MG), Salvador (BA) e São Paulo (SP). Os mandados foram expedidos pelo STF.
Alvos de busca e apreensão:
- Mateus de Carvalho Sposito
- José Matheus Sales Gomes
- Daniel Ribeiro Lemos
- Richards Dyer Pozzer
- Rogério Beraldo de Almeida
- Marcelo Araújo Bormevet
- Giancarlo Gomes Rodrigues
Prisões preventivas e afastamentos dos cargos públicos:
- Mateus de Carvalho Sposito
- Richards Dyer Pozzer
- Rogério Beraldo de Almeida
- Marcelo Araújo Bormevet
- Giancarlo Gomes Rodrigues
Os investigados são acusados de criar perfis falsos nas redes sociais e divulgar informações falsas sobre jornalistas e integrantes dos Três Poderes. A chamada “Abin paralela” também teria acessado ilegalmente computadores, telefones e infraestrutura de telecomunicações para monitorar pessoas e agentes públicos.
De acordo com a PF, os investigados podem responder pelos crimes de:
- Organização criminosa
- Tentativa de abolição do Estado Democrático de Direito
- Interceptação clandestina de comunicação
- Invasão de dispositivo informático alheio