PF apura vazamento de dados pessoais no X para intimidar agentes e Moraes

Foto: Antônio Augusto/TSE/Secom

DCM.- A decisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), de suspender a plataforma X no Brasil está ligada a uma investigação sobre o vazamento de dados pessoais de delegados da Polícia Federal (PF), do próprio ministro e de um empresário. Esses dados foram expostos em uma ação coordenada com o objetivo de divulgar informações dos agentes na internet, conforme informações da colunista Letícia Casado, do UOL.

No decorrer dessa investigação, a PF recebeu um relato de ameaça de Fábio Shor, delegado que conduz importantes inquéritos envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados. Shor informou que sofreu ameaças uma semana após indiciar o ex-capitão no caso das joias.

A rede responsável por acessar esses dados sigilosos envolvia o login de 25 servidores públicos em diversos estados, que atuam em diferentes funções. Em alguns casos, esses servidores podem ter sido vítimas de ataques hackers que usaram suas credenciais para invadir o sistema.

O Infoseg é uma plataforma nacional que integra informações de órgãos de Segurança Pública, Justiça e Fiscalização, e só pode ser acessada por agentes públicos. O sistema contém dados sensíveis, como endereços, telefones, nomes de familiares, registros judiciais e de veículos e armas.

Moraes

A investigação apontou que o CPF de Moraes foi consultado sete vezes entre janeiro e março deste ano, usando logins de servidores localizados em São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro e Alagoas. Também houve uma consulta feita por um servidor do Tribunal Regional do Trabalho da 14ª Região, que atende os estados do Acre e Rondônia.

Mesmo após a autorização do ministro para operações destinadas a desmantelar a “Abin paralela”, que montava dossiês e monitorava ministros do STF, os dados de Moraes continuaram sendo consultados por servidores de diversas regiões. Entre os que acessaram irregularmente o sistema estão membros de tribunais trabalhistas, policiais rodoviários federais, guardas municipais, agentes da Polícia Civil e Militar, peritos criminais e até um juiz em São Paulo.

Dados pessoais de Alexandre de Moraes foram consultados em diferentes estados
Dados pessoais de Moraes foram consultados em diferentes estados. Foto: reprodução

As investigações também descobriram que logins de servidores foram usados via VPN para realizar grandes volumes de consultas em curtos intervalos de tempo.

Por exemplo, o login de um juiz do Tribunal de Justiça de São Paulo foi utilizado para realizar 4.122 buscas a informações sigilosas em 26 de março de 2024. Outro caso ocorreu em agosto de 2021, quando a credencial de um policial militar de Goiás foi usada para fazer 17.792 consultas.

Além disso, em março deste ano, a PF identificou perfis nas redes sociais promovendo um “projeto” chamado Exposed, cujo objetivo era investigar e expor policiais federais que cumpriam ordens de Moraes.

Agentes públicos de diferentes estados acessaram bancos de dados sigilosos para reunir informações sobre o magistrado, uma delegada da Polícia Federal e um empresário. Entre os promotores da iniciativa estava o blogueiro bolsonarista Allan dos Santos, atualmente foragido.

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