Petroleiros fazem greve de advertência pela redução de combustíveis

Foto: Reprodução.

Por Railídia Carvalho.

A greve, com apoio de movimentos sociais e das centrais sindicais, fortalece a indignação popular contra as medidas do governo.   

A defesa pelos petroleiros da redução dos preços do diesel, da gasolina e do gás de cozinha está vinculada à denúncia da tentativa de privatização da Eletrobras. A movimentação da categoria se intensificou com o anúncio da venda das refinarias Presidente Getúlio Vargas (Repar-Paraná), Abreu e Lima (RNEST-Pernambuco), Landulpho Alves (RLAM-Bahia) e Alberto Pasqualini (Refap-Rio Grande do Sul) em abril. Desde então, os petroleiros têm realizado assembleias e protestos preparatórios para uma futura greve que pode ser geral e por tempo indeterminado.

Em entrevista à CartaCapital, José Maria Rangel afirmou que a greve desta quarta será uma oportunidade de esclarecer a população sobre como opera a Petrobras. Ele enfatizou o ataque de Temer às refinarias da estatal que, por opção do governo, estão operando abaixo da capacidade de produção, o que influencia na alta dos combustíveis.

Importadoras de derivados ganham espaço

O dirigente explicou que enquanto a população brasileira é penalizada as importadoras de derivados são as que mais lucram com os reajustes diários. Essas empresas suprem atualmente 30% do consumo. “As refinarias instaladas no Brasil têm capacidade para refinar 90% do petróleo consumido internamente. A Petrobras escolheu, porém, abrir mão dessa vantagem. Reduziu a produção para 70% e abriu espaço para as importadoras de derivados.”

De acordo com Rangel as importadoras de derivados no Brasil saltaram de 50 para 300 como resultado da política da atual direção da Petrobras. Segundo ele, os 30% de capacidade ociosa seriam suficientes para atender ao Brasil. “Nossa produção chega a 2 milhões e 200 mil barris, o mesmo que o consumo interno e a capacidade de refino, que também estão em torno de 2 milhões”, informou ao portal da CUT.

Aumentar produção nas refinarias

Em entrevista ao Portal Vermelho, o presidente do Sindicato dos Petroleiros de Caxias (RJ) explicou que aumentar a produção nas refinarias da Petrobras é um dos caminhos para reverter essa política implementada por Pedro Parente. “Aliado a isso temos que desalinhar o preço com o mercado internacional e aliar o preço ao custo de produção. A política do Parente deixou o país numa situação de aumento do combustível toda vez que subir o barril do petróleo”, explicou Simão. Para se ter um ideia, o preço do gás de cozinha atingiu o valor de R$ 120 em alguns estados.

Comunicado da FUP resumiu os objetivos da greve que os organizadores trabalham para se caracterizar “como a maior greve da Petrobras”. Diz o documento: “Uma greve que não é por salários, nem benefícios. Uma greve pela redução dos preços do gás de cozinha, da gasolina e do diesel. Uma greve pela retomada da produção de combustíveis nas refinarias brasileiras e pelo fim das importações de derivados de petróleo. Uma greve contra o desmonte da empresa que é estratégica para a nação”.

Frentes: Potencializar a indignação popular

Milton Resende, da secretaria de relações com movimentos sociais da CUT nacional e atuante nas Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, declarou ao Portal Vermelhoque os movimentos sociais e sindicais estão mobilizados no país para fortalecer a greve dos petroleiros. “A ideia é se solidarizar com os petroleiros construindo atos e protestos no comércio, bancos, transportes seguindo as orientações dos petroleiros.”

Na opinião dele, a população começa a se dar conta dos efeitos do golpe de 2016. “A greve dos caminhoneiros reforçou esse aspecto de que o que está em jogo não é política de desenvolvimento para o país ou qualidade de vida. O golpe foi para responder ao capital internacional e aos grandes empresários.”

Centrais sindicais apoiam petroleiros

As centrais sindicais também estão mobilizadas para os atos desta quarta. Em nota divulgada nesta terça-feira (29), as entidades expressaram apoio à greve dos petroleiros e criticaram o governo Michel Temer pela condução na greve dos caminhoneiros. “Ressaltamos que o governo federal demonstrou durante a greve dos caminhoneiros inabilidade política, insensibilidade social e incapacidade de realizar uma negociação adequada, como o momento exigia.”

Na opinião das centrais, o impasse na greve dos caminhoneiros foi alimentado pela política de desmonte do movimento sindical implantada pelo atual governo. “Reflexo da nefasta reforma trabalhista, o desmonte sindical levou ao impasse e à perda de credibilidade na negociação, visto que o governo buscou, de forma atrapalhada, uma negociação fragmentada.” Completaram as centrais: “A história tem revelado a importância de entidades sindicais fortes e representativas como fator de equilíbrio e bom senso nas negociações em todas as partes do mundo”.

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