Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.
Tradução: Elissandro dos Santos Santana.
(Português/Español).
Na semana passada, o cinismo e o descaramento saíram da boca de nosso excelentíssimo e bonito presidente da República Mexicana, já que pediu perdão por toda a raiva e indignação que sentiram os mexicanos pela compra da famosa Casa Branca, e que essa negatividade afetou-lhe a credibilidade do governo, à sua pessoa e à sua família.
O ponto aqui é que não é a casa o que há provocado a rejeição à administração do tão ilustre presidente, mas sim, é o partido que representa, suas reformas estruturais, a maneira com que dialoga com os dissidentes (a contrariedades), sua inaptidão ao deixar impunes casos como Ayotzinapa, Noxchitlan, Atenco, etc. E na maneira que vai de viagem e volta (some/foge) a cada vez que o povo mexicano se manifesta. Um perdão e uma carinha de “Já não voltarei a fazer” não resolvem nada. Falemos da casa branca.
A primeira vez que se teve conhecimento acerca da desventurada casa foi em maio de 2013, quando a já primeira dama, Angélica Rivera de Peña (ex-atriz de novelas), apresentava a residência a uma conhecida revista social por nome “Hola”, localizada na altura de Chapultepec, na Cidade do México. Mostraram fotografias de onde foi possível apreciar as dimensões e os luxos do imóvel e ela assegurou que é ai onde vive com sua família presidencial.
Em novembro de 2014, a jornalista mexicana Carmen Aristegui em seu noticiário dentro do MVS rádio, apresentou uma reportagem na qual mostrou o preço da residência e trouxe ao conhecimento de todos os detalhes obscuros que não desvelou a revista Hola.
A Casa Branca (nomeada assim por ser uma casa-habitação totalmente branca) localizada na Sierra Gorda 150, nas Lomas, tem um valor aproximado de 86 milhões de pesos. Está resguardada pelo Estado Grande Presidencial. O presidente Enrique Peña Nieto e sua esposa conversaram, pessoalmente, com o arquiteto que desenhou a residência, para que o imóvel se adequasse às necessidades da família presidencial. O desenho da residência esteve a cargo do arquiteto mexicano Miguel Ángel Aragonés e suas fotos ainda estão disponíveis em www.aragones.com.mx, com o título “Casa la Palma”. A residência não está registrada em nome do presidente Enrique Peña Nieto, tampouco no nome de Angélica Rivera, nem no nome dos filhos, porém, sim, está em nome da empresa Engenharia Imobiliária do Centro, empresa pertencente ao Grupo Higa.
O Grupo Higa teve licitações e contratos milionários em obras públicas durante a administração de Peña Nieto como governador do Estado do México antes de ser presidente da República. Ademais, o Grupo Higa é uma das empresas que havia ganhado a licitação do trem México-Querétaro e, atualmente, tem 22 contratos com o governo federal. A reportagem que apresentou Aristegui, com a revelação de um conflito de interesses que a empresa chinesa Railway Construction Corporation, propriedade do governo chinês que participaria da construção do trem México-Querétaro, abandonou o projeto.
Uma reação natural nos humanos ao ver como o investimento do Estado é empregado em uma casa luxuosa no lugar de programas sociais é a raiva e, obviamente, vai pedir rendição de contas, se questiona de onde saíram os fundos para pagar a conta da dita casa. As redes sociais ficaram apreendidas como uma gaveta de pólvora repleta de foguetes prontos para explodirem. Imediatamente, a Presidência da República emitiu um comunicado no qual se confirmou que a casa, sim, estava ocupada pela família presidencial, e que se mantém em nome da imobiliária porque foi comprada a prazo e não pode se escriturada até que se pague a soma total.
A honorável e respeitável primeira dama declarou em um vídeo que ela tem a capacidade para adquirir um imóvel dessa magnitude, já que sua notável carreira na televisão, mais os anúncios que realizou para o governo lhe dão a capacidade de pagar o imóvel.
“Eu não quero que isso siga sendo um pretexto para ofender e difamar a minha família. Hoje, estou aqui para defender minha integridade, a de meus filhos e a de meu esposo… Eu não posso permitir que este tema ponha em dúvida minha honorabilidade e que se pretenda prejudicar a minha família”, acrescentou Angélica Rivera.
A primeira dama disse que em 2010, o último ano em que trabalhou para a empresa Televisa San Ángel, declarou à Fazenda um ganho anual de 131 milhões de pesos e que pagou 30 milhões de impostos e que esse dinheiro foi obtido graças à sua trajetória como atriz de novela, de onde não há tido mais de dois papeis como protagonista.
A empresa Televisa saiu em sua defesa e informou a CNN México que atrizes, atores e todo o pessoal criativo (escritores, produtores e diretores) que trabalham dentro da empresa têm direito de adquirir um imóvel como parte de seu contrato, como parte de suas prestações de serviço e que a casa a deram ao terminar sua última novela, 17 dias após seu casamento com o atual presidente.
Ademais, foi reestabelecida a Secretaria da Função Pública, secretaria que nos últimos seis anos esteve fechada, por ser um gasto desnecessário, juntamente com a Secretaria do Turismo e de Reforma Agrária. O Presidente da República lhe deu o cargo a Virgílio Andrade e ele apresentou um comunicado no qual demonstrou que não havia um conflito de interesses entre o Grupo Higa e a presidência porque a casa foi adquirida antes que Peña assumisse a presidência e porque o imóvel não está em seu nome. Era óbvio que não ia queimar seu chefe.
Uma notícia de tal magnitude, em outro país, possibilitaria que os envolvidos deixassem o cargo e que fossem processados por enriquecimento ilícito, conflito de interesses, corrupção, porém, no México, os únicos demitidos foram os repórteres que fizeram a investigação sobre a Casa Branca. Esclareço, a demissão de Carmen Aristegui não é pela reportagem da Casa Branca, pois isto se deu porque quando saiu a plataforma Mexileaks, algo parecido com Wikileaks, a jornalista deu seu apoio e comprometeu a empresa MVS Radio, e isso não agradou os executivos da empresa de rádio, que preferiram resolver o problema e absterem-se dos serviços de Carmen Aristegui.
Desde 2014 até a atualidade, já não se ouvia comentários sobre o assunto da Casa Branca, até que, na semana passada, tomando-se como contexto a promulgação da Lei Anticorrupção, nosso honorável presidente, em um ato de humildade e com o coração na mão, dirigiu-se aos mexicanos e pediu perdão.
“Reafirmo que os servidores públicos, além de serem responsáveis por atuar conforme a legislação e com total integridade, também somos responsáveis pela percepção que provocamos com o que fazemos, e nisso reconheço que cometi um equívoco. Não obstante, este erro afetou a minha família, feriu o caráter presidencial e prejudicou a confiança no governo. Na própria pele, senti a irritação dos mexicanos. Entendo isso perfeitamente, por isso, com toda humildade, lhes peço perdão”. Expressou o presidente.
Um dia depois de Peña oferecer suas desculpas, a Presidência da República emitiu um comunicado no qual esclareceu que a construtora devolveu os pagamentos totais efetuados no dia 12 de janeiro de 2012 e no dia 11 de dezembro de 2014, mais os importes respectivos e, por consequência, desvincula Angélica Rivera de toda conexão com a propriedade. Não houve penalidades econômicas por não cumprimento do acordo.
Entre encobrimentos, bastidores e palavras bonitas, nós mexicanos acreditamos que pedir perdão não repara o prejuízo, uma desculpa sincera deve vim acompanhada de ações concretas, algumas ações poderiam ser: já que se devolveu o dinheiro, que o apliquem em programas sociais, para o setor de saúde e de educação, eliminar as reformas estruturais via decreto presidencial, esclarecer o caso Ayotzinapa, justiça para Atenco e Noxchitlán, não sei, há muito que se fazer aqui no México.
Perdón vida de mi vida, perdón si es que te he fallado. Peña Nieto se disculpa.
Por Ana Rosa Moreno, Puebla, México, para Desacato.info.
La semana pasada el cinismo y el descaro salieron de la boca de nuestro excelentísimo y guapo presidente de la república mexicana, ya que pidió perdón por todo el enojo e indignación que sintieron los mexicanos por la compra de la famosa Casa Blanca, y que esa negatividad le afectó a la credibilidad del gobierno, a su persona y a su familia.
El punto aquí es que no es la casa lo que ha generado el rechazo a la administración de tan ilustre presidente, más bien, es el partido que representa, sus reformas estructurales, la manera en que dialoga con los disidentes (a macanazos), su ineptitud al dejar impunes casos como Ayotzinapa, Noxchitlán, Atenco, etc. Y en la manera en que se va de gira (huye) cada vez que el pueblo mexicano se manifiesta. Un perdón y una carita de “ya no lo vuelvo hacer”, no resuelven nada. Hablemos de la casa blanca.
La primera vez que se tuvo conocimiento acerca de la dichosa casa fue en mayo del 2013, cuando la ya primera dama, Angélica Rivera de Peña (ex actriz de telenovelas), presentaba la residencia a una famosa revista de sociales de nombre “Hola”, ubicada en las Lomas de Chapultepec en la ciudad de México. Se mostraron fotografías donde se podía apreciar las dimensiones y los lujos del inmueble y ella aseguró que es ahí donde vive con su familia presidencial. Un dato es que todos los ejecutivos federales deben habitar Los Pinos, la residencia oficial.
En noviembre del 2014, la periodista mexicana Carmen Aristegui, en su noticiero dentro de MVS Radio, presentó un reportaje donde mostró el precio de la residencia y dio a la luz detalles oscuros que no develó la revista Hola.
La Casa Blanca (nombrada así por ser una casa-habitación totalmente blanca) ubicada en Sierra Gorda 150 en las Lomas tiene un valor aproximado de 86 millones de pesos. Está resguardada por el Estado Mayor Presidencial. El presidente Enrique Peña Nieto y su esposa participaron, personalmente, con el arquitecto que diseñó la residencia, para que el inmueble se adecuara a las necesidades de la familia presidencial. El diseño de la residencia estuvo a cargo del arquitecto mexicano Miguel Ángel Aragonés y sus fotos aún se exhiben en www.aragones.com.mx, con el título “Casa La Palma”. La residencia no está registrada a nombre del presidente Enrique Peña Nieto, tampoco al de Angélica Rivera ni a los de sus hijos, pero sí está a nombre de la empresa Ingeniería Inmobiliaria del Centro, empresa perteneciente al Grupo Higa.
Grupo Higa ha tenido las licitaciones y contratos millonarios en obras públicas durante la administración de Peña Nieto como gobernador del Estado de México antes de ser presidente de la república. Además, Grupo Higa es una de las empresas que había ganado la licitación del tren México-Querétaro y actualmente tiene 22 contratos con el gobierno federal. El reportaje que presentó Aristegui más la revelación de un conflicto de intereses ocasionó que la empresa China Railway Construction Corporation, propiedad del gobierno chino, que participaría en la construcción del tren México-Querétaro, abandonara el proyecto.
Una reacción natural en los humanos al ver cómo el presupuesto del Estado se ocupa en una casa súper lujosa en lugar de programas sociales es el enojo y obviamente vas a pedir rendición de cuentas. Se cuestiona de dónde salieron los fondos para solventar dicha casa. Las redes sociales se prendieron como pólvora directo al cajón lleno de cohetes listos para estallar. Inmediatamente la Presidencia de la República emitió un comunicado en el que se confirmó que la casa sí está habitada por la familia presidencial, y que se mantiene a nombre de la inmobiliaria, porque ha sido comprada a plazos y no puede ser escriturada hasta que se cubra el monto total.
La honorable y respetable primera dama declaró en un video que ella tiene la capacidad para adquirir un inmueble de esa magnitud ya que su notable carrera en la televisión, más los spots que realizó para el gobierno, le dan la solvencia para su compra.
“Yo no quiero que esto siga siendo un pretexto para ofender y difamar a mi familia. Hoy estoy aquí para defender mi integridad, la de mis hijos y la de mi esposo… Yo no puedo permitir que este tema ponga en duda mi honorabilidad y que se pretenda dañar a mi familia”, agrego Angélica Rivera.
La primera dama señaló que en el 2010, el último año que trabajó para la empresa de Televisa San Ángel declaró a Hacienda un ingreso anual de 131 millones de pesos y pagó 30 millones de impuestos. Ese dinero ha sido generado gracias a su gran trayectoria como actriz de telenovela donde no ha tenido más de dos protagónicos. La empresa Televisa salió a su defensa e informó a CNNMéxico que actrices, actores y todo el personal creativo (escritores, productores y directores) que laboran dentro de la empresa tienen derecho a adquirir un inmueble como parte de su contrato, algo así como parte de sus prestaciones laborales y que la casa se la dieron al terminar su última novela, 17 días después de que Angélica Rivera se casara con el actual presidente.
Además, se revivió a la Secretaría de la Función Pública, secretaria que en el sexenio pasado se eliminó por ser un gasto innecesario junto con la Secretaría de Turismo y la de Reforma Agraria. El presidente de la república le dio el cargo a Virgilio Andrade y él presentó un informe donde demostró que no había un conflicto de intereses entre el Grupo Higa y la presidencia, porque la casa se adquirió antes de que Peña Nieto asumiera la presidencia y porque el inmueble no está a su nombre. Era obvio que no iba a quemar a su jefe.
Una noticia de tal magnitud en otro país hubiera generado que los implicados dejaran el cargo y que fueran procesados por enriquecimiento ilícito, conflicto de intereses, corrupción, qué sé yo, pero en México los únicos despedidos fueron los reporteros que hicieron la investigación de la Casa Blanca. Aclaro, el despido y demanda a Carmen Aristegui no es por el reportaje de la Clasa Blanca, esto se dio porque cuando salió la plataforma Mexileaks algo así como Wikileaks, la periodista Aristegui dio su apoyo y comprometió a la empresa MVS Radio. Esto no le gustó a los ejecutivos de la empresa de radio y prefirieron deslindarse y prescindir de los servicios de Carmen Aristegui.
Desde el 2014 a la actualidad ya no se había hablado del asunto de la Casa Blanca, hasta que la semana pasada, tomando como contexto la promulgación de la Ley Anticorrupción, nuestro honorable presidente, en un acto de humildad y con el corazón en la mano, se dirigió a los mexicanos y pidió perdón.
“Me reafirmo que los servidores públicos, además de ser responsables de actuar conforme a derecho y con total integridad, también somos responsables de la percepción que generamos con lo que hacemos, y en esto reconozco que cometí un error. No obstante que me conduje conforme a la ley, este error afectó a mi familia, lastimó la investidura presidencial y dañó la confianza en el gobierno. En carne propia sentí la irritación de los mexicanos. La entiendo perfectamente, por eso, con toda humildad, les pido perdón”, expresó el Presidente.
Un día después de que Peña Nieto ofreciera sus disculpas, la Presidencia de la República emitió un informe donde aclaró que la constructora devolvió los pagos íntegros realizados entre el 12 de enero de 2012 y el 11 de diciembre de 2014, más los intereses respectivos y por consecuencia se deslindaba a Angélica Rivera de todo nexo con la propiedad. No hubo penalizaciones económicas por incumplimiento del acuerdo.
Entre tapaderas, alcahuetes y palabras bonitas, los mexicanos creemos que pedir perdón no repara el daño; una disculpa sincera debe venir acompañada de acciones concretas, algunas acciones podría ser: ya que se devolvió el dinero que lo ocupen para programas sociales, para el sector salud y educativo, para tumbar la reformas estructurales vía decreto presidencial, esclarecer el caso Ayotzinapa, justicia para Atenco y Noxchitlán, no sé, hay mucho por lo que trabajar aquí en México.