Por Pedro Marin.
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, assinou na última quarta-feira (25), na véspera do dia de Ação de Graças, um dos mais relevantes documentos deste ano.
O National Defense Authorization Act, de 584 páginas, trata do Departamento do Defesa dos Estados Unidos (Pentágono) e de seu financiamento, e traz informações importantíssimas sobre a atual estratégia geopolítica dos EUA – ainda que tenha sido essencialmente ignorado nas manchetes brasileiras. Confira os pontos-chave do documento:
Rússia e Ucrânia
Para aqueles que desafiam a tese de uma nova guerra fria, o documento é realmente revelador: a seção 1242, por exemplo, diz que caso o Secretário de Defesa determine ter provas suficientes para acreditar que a Rússia tenha instalado armas nucleares na Ucrânia ou em Kaliningrado, os comitês do congresso devem ser avisados em um prazo máximo de sete dias.
Já a seção 1281 do documento estabelece que o Secretário de Defesa deve enviar, em até quatro meses, um plano para aumentar a presença militar dos EUA no leste europeu, com o objetivo de “responder, junto dos aliados e parceiros europeus, aos desafios de segurança postos pela Rússia, e aumentar a capacidade de combate das forças capazes de responder a táticas de guerra não-convencionais ou híbridas, como as usadas pela Federação Russa na Crimeia e no leste da Ucrânia.”
Um outra seção, que trata especificamente das “limitações sobre a cooperação militar dos EUA com a Rússia”, frusta os mais ingênuos, que pensavam poder haver unidade no combate ao Estado Islâmico: o texto diz que nenhum dos recursos do Pentágono poderá ser usado em cooperação com a Rússia, a não ser que o país “cesse sua ocupação no território ucraniano e suas atividades que ameaçam a soberania e integridade territorial da Ucrânia e membros da OTAN” e tome passos favoráveis aos Acordos de Minsk, com o fim de estabelecer um cessar-fogo no leste da Ucrânia.
Além disso, o documento estabelece também a quantia de 300 milhões de dólares para a iniciativa de assistência à segurança da Ucrânia, que inclui treinamento e fornecimento de armamento letal.
Síria e Iraque
No que se refere à Síria, o documento estabelece uma quantia de 406 milhões de dólares a serem gastos em favor de “rebeldes controlados” na Síria. A forma como o dinheiro será gasto é turva, como é costume no que se refere à oposição síria: apesar de listar apoio logístico, médico, inteligência e “fogo defensivo”, diz também que o dinheiro pode ser usado “em qualquer outra ajuda que o Secretário considere apropriada para os propósitos desse relatório.” Além disso, reserva 4,5 bi em “atividades adicionais” na guerra da Síria
Já para treinamento e equipamentos no Iraque, o relatório reservará 715 milhões de dólares.
Cuba
No que se refere a Cuba, a seção 1031 do relatório proíbe que qualquer quantia do Pentágono seja gasta para transferir presos da Prisão de Guantánamo para os EUA. Outra seção impede que sejam transferidos para a Líbia, Síria, Yemen ou Somália. O documento também proíbe que a prisão de Guantánamo seja fechada até o fim de 2016.
Foto de capa: Foto: Ronald Martinez/Getty Images.
Fonte: Revista Ópera.