Passe Livre, sem-teto e movimentos da periferia farão atos na zona sul de São Paulo

image_previewManifestações marcadas para a manhã de terça-feira vão cobrar controle sobre o valor dos aluguéis, fim de violência policial, tarifa zero para o transporte público e melhoria na saúde e na educação

Por João Peres.

O Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), o grupo Periferia Ativa e o Movimento Passe Livre (MPL) convocaram para a próxima terça-feira (25), na zona sul de São Paulo, novos atos por melhoria dos serviços públicos e contra a violência policial. A concentração às 7h na Praça do Campo Limpo e na estação de metrô Capão Redondo deve repetir as mobilizações convocadas na quarta-feira passada, voltadas para as regiões periféricas da capital.

“Achamos que ao levar os atos para a periferia, há uma reivindicação concreta dos trabalhadores. Não é um ato com ideias conservadoras porque isso depende de ter pautas claras. Deixamos claro que as pautas passam longe de algumas pautas conservadoras, que nós lamentamos muito”, diz Guilherme Boulos, de coordenador nacional do MTST. “A gente entende que o trabalho que já existe nessas regiões, com movimentos nos bairros, é importante, e a partir disso marcamos na zona sul.”

Os organizadores do ato vão cobrar a desmilitarização da Polícia Militar, a redução do custo de vida e controle público sobre os preços dos aluguéis. Na visão dos movimentos que atuam na periferia, a alta nos valores despendidos pelas famílias mensalmente em moradia torna inviável a habitação nas grandes cidades e agrava a pobreza. Outra cobrança é por saúde e educação de “Padrão Fifa” – a Copa das Confederações aumentou a insatisfação com o investimento de recursos públicos em obras voltadas aos megaeventos. Além disso, os manifestantes vão promover a discussão sobre a “tarifa zero”, principal bandeira do Passe Livre.

A novidade em relação aos atos da semana passada na mesma região é justamente que o MPL estará concentrado na periferia neste dia. Nas últimas semanas, a necessidade de provocar a revogação do aumento da tarifa de ônibus, trem e metrô levou à concentração das manifestações no centro. “A gente entende que agora, mais do que nunca, depois que os protestos tomaram uma dimensão muito grande, é fundamental que o MPL, que tem uma articulação com esses grupos, se una a eles para continuar a debater as questões que vão além da questão da revogação do aumento. A gente consquistou a revogação. O passo seguinte é a tarifa zero”, explica a militante do MPL Erica de Oliveira.

Ela nega que o movimento tenha recuado na ideia de não convocar novos atos. Na sexta-feira, o grupo emitiu nota condenando a violência contra partidos políticos na manifestação da véspera, que deveria ter sido uma comemoração da revogação do aumento, obtida na quarta-feira do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do prefeito da capital, Fernando Haddad (PT). “O MPL é um movimento social apartidário, mas não antipartidário”, disse o comunicado. “Desde os primeiros protestos, essas organizações tomaram parte na mobilização. Oportunismo é tentar excluí-las da luta que construímos juntos.”

Érica diz que o movimento não fechou posição quanto a organizar ou não novos atos como forma de evitar que a mobilização seja apropriada por grupos conservadores e pela mídia tradicional. “Nosso papel enquanto movimento social é fortalecer a luta social de esquerda. Se a luta social de esquerda está na periferia de São Paulo, é para lá que a gente vai. É importante para os movimentos sociais que foram fundamentais para a gente na luta contra o aumento.”

Em nota divulgada ontem, com o título “Sobre a continuidade da luta”, o Passe Livre disse que não tomou a decisão de suspender os protestos. “Se antes diziam que baixar a passagem era impossível, a luta do povo provou que não é. Já derrubamos os 20 centavos. Podemos conquistar muito mais. O transporte só vai ser público de verdade quando não tivermos que pagar nenhuma tarifa para usá-lo”, informou.

Fonte: Rede Brasil Atual.

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