Redação (última atualização, 2 de agosto de 2020)
Os partidos e grupos que integram a frente tiveram um fim de semana tormentoso. A carta enviado pelo PT mexeu com uma frente difícil de consolidar, mas que persegue esse fim desde o início das mais de 50 reuniões acontecidas desde 2019 até aqui.
A indisposição do PSB e do PDT a outorgar um espaço par o PT na eleição majoritária, para que Lino Peres acompanhe Elson Pereira, candidato a prefeito do PSOL. A ideia que transita de colocar a candidata do PCdoB, Janaína Deitos, nessa condição, parece mais um alinhamento com a eleição nacional de 2022, para a qual Ciro Gomes já flerta com a candidatura à presidência da República.
Se o PCdoB se somar à visão do PSB e do PDT, o PSOL poderia optar por aceitar a ideia, ao fim, essa sigla tem Elson Pereira (foto de capa), como candidato imexível e poderia implementar o discurso de que o PT tem sido intransigente ao exigir fazer parte da chapa majoritária.
Os próximos dias serão determinantes para saber se haverá uma frente, duas, ou se os desejos das bases irão pelo ralo dos interesses das estruturas.
Leia a carta da Direção do PT Municipal de Florianópolis:
Carta do PT aos Partidos que fazem parte do esforço para uma Frente de Esquerda nas Eleições de 2020 em Florianópolis.
Companheiras e Companheiros: DA UNIDADE VAI SEMPRE NASCER A NOVIDADE. Canto entoado por Elis, nos versos brotados da mente brilhante de Gonzaguinha, nos idos de 1985, é verdadeira ode e chamamento à fragmentada esquerda brasileira de então, para que se unificasse em torno de um projeto político democrático e popular.
Em que pese o grito qualificado do poeta popular, este não pode vislumbrar o brotamento da primeira e mais autêntica experiência de unidade política dos campos progressistas em um processo eleitoral, que se deu em Florianópolis nos idos de 1992, portanto há 28 (vinte e oito) anos.
Desde aquela experiência vitoriosa, o Partido dos Trabalhadores e Trabalhadoras de Florianópolis sempre se colocou no debate central da constituição de frentes democráticas e populares na cidade, tendo participado da administração popular vitoriosa em 1992 e encabeçado a chapa que foi ao segundo turno em 1996.
De 1996 em diante, mormente todos os esforços empreendidos pelas forças representativas deste campo progressista, inclusive do PT, muitos fatores impediram a tão sonhada unificação, tendo por resultado prático sucessivas vitórias da direita conservadora nos pleitos municipais.
A partir do golpe jurídico e parlamentar orquestrado em 2016, as forças neoliberais (Governo Temer) e, com a prisão política de Lula, fascistas (Governo Bolsonaro) vem destruindo todos os avanços conquistados pelo povo brasileiro nos governos Lula e Dilma, sendo o avanço atroz do fascismo, da onda privatista e retirada de direitos, uma realidade latente à ceifar a vida e o sonho de milhões de brasileiros e brasileiras.
Diante de tal realidade, de verdadeira necessidade de resistência e combate ao fascismo e da (re)construção de políticas alternativas à agenda neoliberal, renasceram em 2018, mais precisamente no segundo turno daquelas eleições, as condições políticas de ambiência para retomada histórica de construção de uma frente de esquerda em Florianópolis, processo, que o PT priorizou e atuou com relevante protagonismo.
De lá para cá, esta frente de resistência foi amadurecendo a possibilidade de disputa do processo eleitoral de forma unificada, com a participação de 9 partidos políticos inicialmente, encantando o coração e mente de milhares de florianopolitanos. A emergência da pandemia da COVID-19, nesse ano de 2020, gerou uma enorme crise sanitária com grandes consequências econômicas, sociais e políticas. No mundo, são dezenas de milhões de pessoas infectadas e centenas de milhares de mortos. A atuação do Brasil nessa realidade dramática tem sido desastrosa. O presidente da República nega a gravidade da doença e despreza as mortes dos brasileiros. Como consequência, não temos um Plano Nacional de enfrentamento e não aplicamos as medidas de controle com eficácia comprovadas, enquanto não há prevenção por vacinas específicas e medicamento apropriado. A ciência e as orientações de organismos nacionais e internacionais foram implementadas de forma precária e descoordenadas, resultando em milhares de mortes que poderiam ser evitadas.
Esse contexto, reforça a responsabilidade social de uma Frente de Esquerda, como campo político que defende o Fora Bolsonaro Genocida e apresenta um projeto de revalorização do papel do Estado com políticas públicas tais como o SUS, renda básica universal e a democratização dos espaços da cidade, em contraposição à reeleição do Gean e dos demais projetos da direita e extrema direita em Florianópolis.
O Diretório Municipal do PT, em reunião ampliada com sua base militante, realizada em 29/07/2020, apreciou a conclusão da consulta aos presidentes dos partidos em encontro virtual da Frente, acontecido no dia 28/07/2020. O resultado, apontando a Chapa Majoritária a ser composta pelo Psol e PCdoB, excluindo o PT, trouxe inconformismo e incredulidade.
Diante disso, o PT decidiu encaminhar essa carta, com os seguintes posicionamentos:
- O PT continua apostando na Frente, pela importância dessa opção como a melhor alternativa para a população de Florianópolis.
- Sem qualquer juízo de hierarquia ou relevância, o PT reafirma que a chapa majoritária que melhor responde aos critérios aprovados, é uma chapa PSol/PT ou PT/Psol.
- A grande maioria das lideranças e militantes do PT pode compreender e aceitar uma chapa majoritária encabeçada pelo Psol, mas não pode compreender e aceitar uma chapa majoritária sem o PT.
Assim, vimos solicitar aos dirigentes dos partidos que participam desse esforço, para que seja feita uma reflexão aprofundada e essa posição seja revista, garantindo ao PT participação na chapa majoritária. Ainda, de acordo com o entendimento dessa grande maioria do PT, o partido não aceitará qualquer outro papel na Frente, por mais significativo que seja.
Encerramos com a afirmação insofismável de que o Partido dos Trabalhadores, como uma das principais forças políticas deste campo, deve protagonizar os esforços de construção da unidade para fazer nascer a novidade, como vem envidando os esforços, fato demonstrado neste documento inclusive, fazendo-se, por consectário lógico, respeitar a importância da dimensão deste partido como instrumento de conquistas da classe trabalhadora brasileira, dos movimentos sociais e do campo popular em geral, para, em última análise voltarmos a ver Florianópolis governada sob a lógica da democracia popular, socialmente justa e ambientalmente sustentável, tendo o ser humano como centro da política pública
Com Cordiais saudações socialistas
DIRETÓRIO MUNICIPAL DO PARTIDO DOS TRABALHADORES DE FLORIANÓPOLIS ELIANE LUZIA SCHMIDT PRESIDENTA
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