Parte do segundo dia

Boulevard Morazán.

Por Larissa Cabral.

 

Vivo e intenso

Ainda estava escuro, quando ouvi Rony e sua esposa acordados e se arrumando. Ele apresenta um programa às 5h, mas como havíamos combinado que eu só iria mais tarde, continuei na cama. Às 8h, mais ou menos, levantei, troquei de roupa e fui até a sala. Cinthia me ofereceu café, mas estava com peso na consciência por não ter escrito nada ainda, então disse que comeria depois. Finalmente consegui algum tempo para escrever esse diário, enquanto esperava o chefe da casa. Depois, aceitei um prato de cereal com leite morno. Rony chegou, descansou um pouco, me deu um remédio para a gripe (eu, Cinthia e Yassir precisávamos) e fomos para a rádio.

Às 11h, Rony começa a apresenta o Notícias Radio Globo, que segue até às 13h. Acompanhei seu trabalho de dentro do estúdio ou da mesa de som, com o novo colega, o técnico Miguel Ordoñez, que trabalha também com a ajuda de telefones e televisões. Há outro técnico, que ainda não tive a oportunidade de conversar direito, o Manuel. O trabalho é bastante intenso, como uma aula de rádiojornalismo que nunca tive. O apresentador estava no estúdio com um computador, dois celulares e um rádio. Apresentava as notícias e chamava jornalistas que faziam boletins ao vivo de diversos lugares de Tegucigalpa. Os fatos mais comentados no dia, pelo que percebi, foi a escolha do juiz, pela Corte Suprema de Justiça, que vai julgar supostos casos de corrupção do presidente deposto, Manuel Zelaya e libertação de quatro professores, que haviam sido presos, quando protestavam pela contratação de mais docentes. Fiquei muito impressionada com essa experiência.

Quase no final do Noticias Radio Globo, recebemos a visita de uma mulher chamada Maria José Schönenberg, que estava representando um dos anunciantes do veículo, o restaurante Tre Fratelli, de comida italiana. Observação: estou muito, muito mesmo, impressionada com a grande quantidade de franquias, sobretudo americanas, aqui. Podemos ver Mc Donalds, Pizza Hut, Wendys, e muitos outros que agora não consigo me lembrar. Grandes letreiros, fotos apetitosas (enganadoras, como sempre?) e comida industrializada, como quase todas que vi até agora. Continuando, Maria entrou no estúdio e participou ao vivo do programa. Levou, inclusive, uma marmita para o apresentador.

 

Notícias Radio Globo, com Rony Martínez.

Ao vivo e nervosa

Mal saímos do estúdio e já apareceram as câmeras para o próximo programa. Aquele local é utilizado tanto para rádio, como para televisão. O próximo apresentador era o diretor-executivo, David Romero Ellner, acompanhado de Hector (infelizmente não anotei seu nome e agora não consigo me lembrar. Aqui não tenho acesso à internet, então fica mais uma informação para checar. Enquanto o programa começava, fui até um sofá, onde era mais silencioso e liguei para alguns colegas hondurenhos. Rony me emprestou um celular para usar aqui e colocamos crédito, assim que chegamos, pela manhã. Falei com Ricardo Salgado, Helen Ocampo, Lenis Fajardo, Ronnie Huete e Diana Canales. Todos estavam um pouco ocupados, mas foram bastante atenciosos e me disseram que retornariam hoje à noite ou amanhã.

David Romero me chamou para o estúdio. Mais uma vez eu iria para frente das câmeras. Acho que já foram muitas aparições a mais que as minhas, na faculdade. Nunca foi muito de meu interesse, mas nada contra, pelo contrário. Nossa conversa foi muito mais longa do que eu esperava, mas David é carismático e me fez sentir bem, na mesa. Achei interessante a descontração, durante o programa. Talvez mais do que interessante, era necessário, já que estava passando ao vivo. Chegaram até a atender o telefone e ler mensagens, inclusive de Raúl Fitipaldi (fiquei MUITO feliz com esse contato ao vivo) e de algum contato “do outro lado”, que quis me lembrar que eu deveria ouvir “o outro lado”. Acho que estão me acompanhando… Senti um pouco de medo.

 

Relaxando, na medida do possível

Fui almoçar. Decidi ir sozinha, não só porque não sabia onde ele estava, mas também porque gosto de vivenciar algumas experiências dessa maneira. Como já era um pouco tarde, não consegui avistar algum restaurante que me atraísse. Estava com muita vontade de comer comida, mas me rendi ao Mc Donalds. Por favor, não me censurem. Na volta, consegui uma salinha com um computador e internet. Pude, finalmente, ler todos os meus e-mails e falar com alguns colegas, familiares e namorado. Até agora não consegui descobrir como faço para ligar para o Brasil. Queria falar com a minha mãe. Passei algum tempo ali, onde não havia muita informação para assimilar. Muito feio para meu lado jornalista, não é?

 

Três homens estavam vendendo essas coisas fofas, na calçada da rua, no caminho para a rádio.
Quando voltei a sala de som, encontrei-a cheia, então vi Miguel do lado de fora e perguntei se não gostaria de me conceder uma entrevista. No caminho, encontramos um garoto negro, que segurava um cesta de palha e vendia uns pães doces de canela, de banana e de coco muito apetitosos. Javier Villalobo passou por lá e disse que eram tradicionais garínfunos. Eu estava doida para comer algo parecido.
Quitutes tradicionais de Honduras.

Miguel me ofereceu um e fez questão de pagar. Pedi que escolhesse o mais gostava, e foi o de coco. Era realmente muito gostoso.

 

 

Este é Miguel, técnico e DJ.

Fui com Miguel, técnico da rádio e da TV há três anos, até o estúdio mais de televisão, que estava vazio. Lá, ele me concedeu um entrevista bastante breve. Ele me parece do tipo que não fala muito, mas acredito algumas coisas importantes são ditas quando o gravador não está por perto. Temos mais alguns dias e acho que até lá, Miguel pode me contar mais coisas. Na entrevista, ficou tímido, mas geralmente é extrovertido e com um sorriso largo. Ele tem 27 anos e mora com sua esposa e três filhos (de oito, três e um ano), perto do aeroporto de Tocontín. Além de trabalhar de segunda à sábado, das 11h às 22h, Miguel também é DJ, mas gostaria de estudar computação, plano que tem deixado de lado por falta de tempo.

 

8 COMENTÁRIOS

  1. Olá Larissa,

    Tu vais sobreviver a essas madrugadas. Há meio século eu tbém levantava de madrugada para abrir a rádio. Teus relatos me lembram um pouco as minhas poróprias emoções, embora eu, na época, fosse um pouco mais novinho. Acredite, já fui jovem. Parabéns.
    Bj grande,

    Tio Ribas

  2. Vi pelo site da Embratel que tem que ligar 00 XX (operadora do Brasil) 504 + número de telefone.

    O telefone dá sinal de ocupado, por isso não sei se realmente funciona.

  3. Mana, aquele número é de um celular, que está comigo. Ainda não descobri como se faz para ligar p/ o Brasil, mas queria muito. Avisa a mãe!! Se puderem e conseguirem me ligar, seria muito bom.
    Gi, os cachorrinhos eram a coisa mais fofa do mundo. Quase adotei també. hahaha
    Guta, bom te ver aqui!!

    Beijão em todos que comentam,
    Lari.

  4. tudo muito louco né querida? Fico feliz, mais uma vez, por ti. Relaxa e participa. Estou daqui torcendo, muito. E não esqueça, a viagem perfeita você só descobre ao voltar. Beijos!

  5. Oi Larissa!
    Muito legal acompanhar seu relato diário. Dá pra sentir tudo que você tem vivenciado.
    Adorei a fotos dos cachorrinhos!! 😀
    Bjos!

  6. Mana,

    Está muito legal e massa as coisas que vc tem escrito, creia que a experiencia tambem está sendo boa e legal.
    Vc me passou por email um telefone de contato?de quem é?!é numero de celular?
    Quem sabe tentaremos te ligar.

    Bjaoo e se cuida

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