Parlamento ucraniano vai se reunir para discutir renúncia do governo

ucrania2301-2No dia em que manifestantes e polícia cumprem uma espécie de “cessar-fogo” nos violentos protestos que têm atingido a capital da Ucrânia, o presidente do país, Viktor Yanukovich, pediu ao Parlamento que faça uma sessão extraordinária para discutir uma renúncia do governo – a principal demanda da oposição.

De acordo com um comunicado divulgado nesta quinta-feira (23/01) pelo presidente do Parlamento, Volodymyr Rybak, os deputados deverão se reunir no começo da próxima semana. Devem entrar em discussão, também, leis recentemente adotadas que, segundo a oposição e críticos na União Europeia, restringe a liberdade de expressão.

Os opositores de Yanukovich ameaçavam um recrudescimento dos protestos caso não houvesse nenhum tipo de concessão por causa do presidente. Nesta quarta (22/01), cinco pessoas morreram após confronto com a polícia.

De acordo com a agência russa RT, Yanukovich e os três principais líderes de oposição concordaram nesta quinta em tentar acabar com os protestos violentos e com a libertação de manifestantes presos. Os oposicionistas, segundo a agência, ao comunicarem as resoluções da reunião com o chefe de governo, foram vaiados pela multidão e interrompidos aos gritos de “revolução” e “mentirosos”.

“Tentativa de golpe”, diz primeiro-ministro

Para o primeiro-ministro da Ucrânia, Nikolai Azarov, também alvo dos protestos, as manifestações são uma “tentativa de golpe”. Ele está em Davos, na Suíça, para participar do Fórum Econômico Mundial. O premiê também descartou a convocação de eleições antecipadas, como também quer a oposição.

“Há uma tentativa de golpe em curso e todos que a apoiam devem dizer abertamente ‘sim, nós somos a favor de suplantar um governo legítimo’ e não se esconder atrás de manifestantes pacíficos”, afirmou, segundo a agência russa Itar-Tass.

Yanukovich conversou por telefone na noite desta quinta com a chanceler alemã Angela Merkel, que já havia mostrado bastante irritação com o governo da Ucrânia após a promulgação da lei que, segundo opositores, restringe a liberdade de expressão. De acordo com Kiev, os líderes “abordaram assuntos relativos a uma saída pacífica para a crise política” e “vias para a estabilização da Ucrânia”.

Panorama

Desde novembro, a Ucrânia tem vivido uma onda de protestos depois que o governo Yanukovich se recusou a assinar um acordo com a União Europeia. Desde então, milhares de pessoas saem às ruas diariamente para criticar — e também apoiar, principalmente no começo dos protestos — a decisão do presidente. Yanukovich argumenta que o acordo proposto pelo bloco europeu criaria dificuldades para a parcela mais pobre da população de seu país.

Para tentar conter a crise, a Ucrânia assinou um acordo comercial com a Rússia em que Moscou autoriza o envio de US$ 15 bilhões (R$ 35 bilhões) à Ucrânia. A proximidade ou não do vizinho russo também é um elemento importante para a oposição ucraniana pró-UE e os manifestantes que tomaram as ruas de Kiev.

Fonte: Ópera Mundi.

Foto: Agência Efe.

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