Ato em Ipanema, na Zona Sul do Rio, no domingo (26)/ Luiz Fernando Nabuco/Aduff
“Governador, preste atenção, a violência não é a solução”, cantavam manifestantes em frente ao Posto 8, em Ipanema, na Zona Sul do Rio, na manhã deste domingo (26). Enquanto a cerca de três quilômetros dali, em Copacabana, alguns dos manifestantes que vestiam camisas da CBF verde e amarelas em apoio ao presidente Jair Bolsonaro faziam a imagem de ‘arminhas’ com as mãos, o ato ‘Parem de nos matar’ defendia a paz com voz nas favelas.
Por Hélcio Lourenço Filho – Redação da ADUFF
A paz reivindicada inclui direitos sociais e o fim de uma política de segurança simbolizada por ações nas quais tiros são disparados contra comunidades de helicópteros e pela execução sumária de supostos suspeitos – como o músico e o catador de material reciclável assassinados, em Guadalupe, na ação do Exército que disparou 80 vezes contra o carro de uma família que se dirigia a um chá de bebê.
O grito de protesto e socorro foi convocado por pelo menos 47 organizações dos movimentos sociais, comunitários e políticos. Exigiu o fim da política de segurança que mata homens, mulheres e crianças nas comunidades e pela paz nas favelas. O ato já vinha sendo convocado há algumas semanas e teve como motor os sucessivos e crescentes casos de violência policial contra civis no Rio de Janeiro. Ocorre pouco mais de 72 horas após a decisão da Justiça Militar de soltar os nove militares presos após a ação do Exército contra a família do músico em Guadalupe.
Vítimas recentes de ações policiais foram lembradas, como o gari comunitário William Mendonça dos Santos, o Nera, morto com dois tiros na favela do Vidigal, pela PM; Evaldo Rosa dos Santos e o catador de papel Luciano Macedo, executados pelo Exército; e o estudante Lucas Brás, de 17 anos, morto com um tiro nas costas no Parque Royal, na Zona Norte.
Os manifestantes ressaltaram que a violência policial não é uma novidade nas favelas e bairros populares no Rio ou em outros estados. Mas observaram que a situação se agravou. Segundo dados do Instituto de Segurança pública, foram registrados 434 homicídios no primeiro trimestre de 2019 em decorrência de ações policiais – o que significa uma média de quatro mortes por dia e 18% a mais do que o mesmo período de 2018.
Lista de organizações que convocaram o ato:
Associação de moradores do Vidigal
Politilaje
Favela no Feminino
Coletivo Jararaca RJ
Movimento popular de favelas
Movimento Moleque
B’nai B’rith
Redes da Maré
Coletivo Feminista Classista Ana Montenegro
Coletivo Juntos pela Paz
Nós do Morro
Bando Cultural Favelados da Rocinha
Associação de Moradores da Rocinha
Mães e Familiares Vítimas de Violência do Estado
Rede de Comunidades
Movimentos Contra a Violência
Rede de Mães e Familiares da Baixada
Levante Popular da Juventude
Favelação
Funperj
MTST
Fórum de Educação de Jovens e Adultos
Comissão Popular da Verdade
Movimento Negro Unificado
Favela não se cala
Frente Brasil Popular
Radio Estilo Livre Vidigal
Frente de Juristas Negras e Negros do Estado do Rio de Janeiro
Frente Democrática da Advocacia
UNEGRO – União de negras e negros por igualdade
Movimento Nosso Jardim
Coletivo União Comunitária
Ser Consciente
Frente Favela Brasil
Militantes em Cena
Frente Povo Sem Medo
Quilombo Raça e Classe
Torcedores pela Democracia
FAFERJ
FAM-RIO
Conselho Popular
MST
Grupo de Resistência Bando Cultural Favelados
ASA – Associação Scholem Aleichem.
RioOnWatch
Movimento dos Atingidos por Barragens
Copa por Diretas e por Direitos