Por Sérgio Homrich.
A tranquilidade costumeira de uma tarde de sábado foi quebrada por esse refrão: “Parem as queimadas ou paramos o Brasil”. Foi assim em Jaraguá do Sul. A manifestação pela salvação da Amazônia aconteceu ao lado do Museu da Paz, no centro da cidade, e reuniu um número expressivo de pessoas conscientes, em sua ampla maioria jovens estudantes, que atenderam ao chamado e foram para a rua em defesa da Amazônia e do meio ambiente. Houve passeata pelas ruas centrais e concentração em frente ao Museu Municipal, na Praça Ângelo Piazera. O grupo de Maracatu “Aurora do Vale” animou a rapaziada com muita percussão e entoando músicas pela preservação da floresta amazônica.
Estudante da 5ª fase do curso de Técnico Integrado em Química, no Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC), em Jaraguá do Sul, Nátali Araújo foi uma das organizadoras da manifestação. “Quando a gente começou não tinha grande expectativa, imaginamos que só o pessoal do IFSC apareceria. Mas com uma rede de apoio, acabamos criando o evento no facebook e já tivemos mais de 300 pessoas interessadas em comparecer, tomou proporções que a gente não esperava”. A estudante conta que o tema tem sido muito debatido dentro do IFSC: “Com o aquecimento global a gente percebe o quanto temos afetado o meio ambiente”, avalia a estudante. “O meio ambiente é onde começa tudo em nossa vida”, reforça.
Já a comerciária Amanda Dantas, que trabalha em um restaurante vegetariano no bairro Jaraguá Esquerdo, em Jaraguá do Sul considera “um crime ambiental” o que está acontecendo na Amazônia. “Com o objetivo único de faturar mais, colocam fogo na floresta para abrir espaço, colocar gado ou plantar soja, trigo e milho”. E prossegue: “Isso vira ração, que também é dada para os bois”. Ela destaca que o consumo de qualquer produto de origem animal, principalmente a carne vermelha, faz mal ao meio ambiente. “Já existem pesquisas e estudos constatando que essa é principal causa de destruição da Amazônia e do meio ambiente”.
Amanda também critica o descaso do governo Bolsonaro com o tema. “O presidente tentou de todas as formas vetar o Ministério do Meio Ambiente, mas a repercussão internacional foi tanta que ele voltou atrás. No entanto, cortou 95% do orçamento da pasta, o ministro do Meio Ambiente (Ricardo Sales) tem irmãos no agronegócio e, eu mesma, já assisti entrevista do Bolsonaro no Palácio do Planalto, olhando para a bancada ruralista e falando: ‘meu governo é todo para vocês’. Então, completa, “a intenção dele não é a mesma nossa, e vamos lutar contra isso”. Para Amanda, o capitalismo quer que a destruição ao meio ambiente aconteça, “só que não da forma tão escancarado, que todo mundo saiba. A gente precisa ter consciência, porque se isso acontecer a gente ferra com o bolso deles”, finaliza.