Sob o lema “Paraguai Resiste”, organizações paraguaias estão convocando um protesto nacional nesta sexta-feira (29/06) contra a deposição do presidente Fernando Lugo, ocorrida há uma semana, por senadores e deputados de oposição. As manifestações serão realizadas em todos os departamentos do país, inclusive na capital Assunção.
“A imprensa [paraguaia] está tentando transmitir a sensação de que tudo está normal, mas as pessoas estão muito indignadas, sabem que é grave o que está acontecendo. Elas estão se mobilizando no interior, fazendo como podem, se auto-convocando”, afirmou ao Opera Mundi Alicia Amarilla, da Conamuri (Coordenação Nacional de Organizações de Mulheres Trabalhadoras Rurais e Indígenas).
Durante esta semana, protestos locais reuniram milhares de pessoas em diversos municípios do país, com o corte de estradas nacionais e, inclusive da Ponte da Amizade, que conecta a cidade paraguaia de Ciudad del Este com a brasileira Foz do Iguaçu. A polícia, no entanto, impediu que os manifestantes atravessassem a ponte.
Do lado paraguaio, cerca de dois mil camponeses e agricultores sem terra protestaram contra Federico Franco, então vice de Lugo e atual presidente do país. As manifestações foram apoiadas por argentinos que, junto aos paraguaios, bloquearam a ponte internacional Roque González, que conecta a cidade de Posadas, na Argentina e Encarnación, no Paraguai.
“Estamos aproveitando a solidariedade dos países, sentindo este apoio muito forte que vem de fora. Isso também nos incentiva a nos mobilizarmos”, diz Amarilla. A ativista garante que a aparente tranquilidade da capital, onde as manifestações realizadas em frente à TV Pública foram um dos poucos protestos vistos desde o impeachment, não retrata a realidade do país. Na sexta-feira passada, segundo ela, os manifestantes foram reprimidos por policiais.
“Isso não é somente por Lugo, mas por um processo democrático e os paraguaios apoiaram este processo. É um revés muito grande regredir neste ponto. Defendemos tudo o que foi conseguido no governo de Lugo, depois de muito trabalho, como atenção gratuita à saúde, atenção à terceira idade e demais benefícios sociais”, explica ela.
“No começo pensamos que Lugo ia resistir [ao golpe]. Se fosse assim, a cidadania teria ido às ruas em seu apoio. Mas como ele se praticamente se entregou, as pessoas se acalmaram e voltaram para o campo. Depois, a forma de resistência foi rediscutida e convocamos a formação de uma Frente Nacional de Defesa para a Democracia, que está se mobilizando contra a deposição de Lugo”, afirma Amarilla.
Fonte: http://operamundi.uol.com.br