Deputados da oposição do Paraguai apresentaram nesta quarta-feira (17/03) um pedido de impeachment contra o presidente Mario Abdo Benítez e o vice-presidente Hugo Velázquez, ambos do Partido Colorado, pela má gestão da pandemia.
Os documentos de acusação foram assinados por 13 deputados de oposição e entregues à Câmara dos Deputados por Celeste Amarilla, do partido de oposição PRLA.
Segundo informou a emissora multiestatal Telesur, a iniciativa de impeachment reúne, até o momento, 37 votos. Para que o pedido seja aprovado e o processo de impeachment seja aberto são necessários pelo menos dois terços dos votos da Câmara, composta por 80 deputados. A maioria dos representantes é governista, com 42 deputados formando a bancada do partido Colorado.
Ainda nesta tarde, a bancada governista solicitou uma sessão extraordinária do Parlamento para que fosse discutido o impeachment. A intenção é arquivar o processo e tirar do debate político e social a possibilidade de destituir os titulares do poder Executivo, segundo informou o jornal paraguaio ABC Color.
Coalizão sindical
Uma movimentação sindical também ocorreu na terça-feira (16/03), com um total de 13 sindicatos paraguaios presentes. As entidades divulgaram um comunicado anunciando que se unem à mobilização popular em favor da destituição do presidente e do vice, e à convocação de novas eleições gerais.
Em entrevista coletiva, que ocorreu ao lado fora do Congresso Nacional, os representantes sindicais leram um comunicado no qual também lamentaram a situação atual da pandemia do novo coronavírus e elogiaram o papel da juventude nos protestos.
#Ahora | Trabajadoras y trabajadores de 13 sindicatos presentaron en Conferencia de Prensa un pliego de demandas del sector y el apoyo a la consigna #QueSeVayanTodos pic.twitter.com/yUe6WV5gbX
— Adelante! (@AdelantePy) March 16, 2021
“Os trabalhadores paraguaios assinam esta nota com muita indignação pela situação dolorosa em que vivemos em nosso amado país. Saudamos o grande esforço da juventude trabalhadora e de boa parte do povo paraguaio que, desde 5 de março, assumiu as ruas para gritar de indignação frente ao roubo escandaloso de nosso dinheiro e frente à irresponsabilidade criminosa do Governo de Mário Abdo”, diz o comunicado.
Segundo os sindicatos, “a mobilização popular conseguiu abalar o governo. Podemos ver claramente que o medo desses políticos corruptos os levou a fazer algumas mudanças, buscando acalmar o desespero de um povo que dia a dia vai perdendo parentes, morrendo em hospitais, passando fome ou ficando desempregado ”.
A coalizão de sindicatos também questionou as centrais de trabalhadores (Central Unitária de Trabalhadores, General Confederação de Trabalhadores, Central Nacional de Trabalhadores e Paraguai Confederação de Trabalhdores) por “não enfrentarem esta situação e pressionarem por mudanças urgentes no governo”.
“Lamentamos que essas quatro centrais tenham ido à Mburuvicha Róga (Casa do Governo) para prestar solidariedade ao presidente, algo que não corresponde em nada. O Governo está super atrasado em tudo relacionado às políticas sociais e trabalhistas”, disse Nelson González, do Sindicato dos Profissionais do Serviço Social do Paraguai (Siprotraso Py).
Protestos
Desde 5 de março, parte da população paraguaia se autoconvocou às ruas para manifestar contra a gestão do governo frente a pandemia
Com a pressão nas ruas, o ministro de saúde Julio Mazzoleni renunciou e o chefe de Estado anunciou uma reforma do gabinete, mudando o ministro de tecnologia e comunicação, o ministro de educação, o chefe de gabinete e a ministra da mulher.
Leia mais: