Por Isabella Macedo.
Sob o tema “Religião não se impõe, cidadania se respeita”, a Parada do Orgulho LGBTS de Brasília trouxe para a discussão o conceito de Estado laico em sua 20ª edição. A concentração para a parada começou às 14h. A marcha começou por volta das 16h. A expectativa era de que cerca de 50 mil pessoas passassem pela Esplanada dos Ministérios para protestar e celebrar neste domingo (25). Partindo do Congresso Nacional, a parada seguiu pela Rodoviária do Plano Piloto, passando pelo Palácio do Buriti e se encerrou na Funarte.
“Uma grande manifestação de cidadania. Todos em sintonia em defesa do Estado laico”, definiu Welton Trindade, coordenador da Associação da Parada LBGTS de Brasília. Os organizadores estimam que aproximadamente 60 mil pessoas tenham participado. A Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF) estima comparecimento de 10 mil.
O tema deste ano foi a separação entre Estado e visões religiosas. De acordo com pesquisa realizada pela Associação da Parada LGBTS de Brasília, as pessoas desconhecem o conceito de Estado laico. O Estado laico é aquele que é neutro em relação à religião de seus cidadãos. Essa definição foi escolhida por 180 pessoas que participaram da pesquisa, o equivalente a 48,4% dos entrevistados.
Ao todo, 192 pessoas, correspondente a mais da metade dos entrevistados (51,6%), escolheram alternativas equivocadas sobre o conceito. Foram 90 pessoas (24,2%) que não souberam definir o que significava a expressão e outras 60 (16,1%) que afirmaram que o Estado laico é aquele que “adota o cristianismo como religião principal”. As duas opções restantes eram “Estado que nega Deus” e “Estado que persegue religiões”, alternativas escolhidas por 23 (6,2%) e 19 (5,1%) pessoas, respectivamente.
“Isso mostra o quão certa foi nossa escolha do tema deste ano. Menos da metade dos entrevistados sabe o que é Estado laico. Só isso já justifica a parada”, avaliou Welton.
A enquete foi realizada entre os dias 10 e 17 de junho, em locais de grande fluxo do Distrito Federal, com 372 pessoas de idades, religiões, renda e níveis de instrução diferentes. O levantamento foi feito apenas com heterossexuais e cisgêneros (isto é, pessoas que se identificam com o seu gênero de nascimento).
Em entrevista ao Congresso em Foco, Welton lembra que não se trata de ser contra haver religiosos na política. O problema reside na influência e pressão religiosa na elaboração de leis e tomada de decisões políticas. O assunto também foi discutido em seminário realizado semana passada em Brasília.
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Fonte: Congresso Em Foco.