Por Elenira Vilela, para Desacato.info.
Nosso paraíso está completando 345 anos e a querida São José completa 267, mas temos muito a refletir sobre o que este paraíso está se tornando.
Temos muito o que comemorar, cada pessoa que vive e trabalha aqui é um privilegiado. Temos um paraíso natural e um povo que congrega as culturas açoriana, africana, grega, árabe, mais recentemente pessoas de todo o Mercosul, queridos hermanos, além dos recém chegados senegaleses, haitianos e sírios.
Quando se pensa em Florianópolis – ou seria como nos memes Filanópolis – e nas demais cidades da região, todos lembramos da mobilidade urbana, ou melhor, da falta dela.
Pela manhã, antes da 6 h, milhares de mulheres, muitas negras, chegam ao terminal do Centro, passam boa parte do seu dia no transporte coletivo, trabalham muito, chegam mais tarde e ainda acumulam com estudos, trabalho doméstico e de cuidados familiares.
Também vem à mente o medo e a violência. Os números de assassinatos violentos em 2017 cresceram mais de 90% em relação a 2016, esse número somente de Florianópolis, quando no estado registrou-se um aumento de pouco mais de 10%. Até 12 de março de 2018, somente na cidade já há 39 mortes violentas registradas.
E a poluição das praias e rios que nos deixam doentes e prejudicam o turismo bateu recordes em mais um verão caótico. Mesmo com investimento federal em saneamento esse dinheiro não chegou a resolver o problema, por malversação ou desvio.
Durante os governos Lula e Dilma a cara de algumas comunidades mudou. Se antes desses governos tínhamos lama e pó e quase nenhum serviço chegava até lá, o PAC das comunidades mudou a cara desses lugares, calçamento nas ruas, assistência social e o mais importante, as pessoas tinham emprego, passaram a poder comprar o que precisavam e vários dos jovens alcançaram estudos nos Institutos Federais e nas Universidades. As UPAs foram construídas e equipadas, os postos de saúde receberam investimento garantindo que não faltassem medicamentos nem pessoal para atendimento na maioria deles.
Prioridade para a educação permitiu a construção de creches cinematográficas com investimento federal. Só dos Institutos federais passamos de apenas 9 para os atuais 37 campus. Muitos campus da UFSC e a criação da UFFS. Mas teve o golpe e isso tudo mudou. Não, não estava tudo perfeito, bem longe disso, ainda havia muito o que fazer. Mas agora há muito mais, o retrocesso qualquer um vê. A quantidade de pessoas em situação de rua é alarmante, só pra citar o quanto a piora salta aos olhos.
E nossos governantes locais? Tanto os Governadores Luis Henrique e Raimundo Colombo, quanto os prefeitos, especialmente o Juninho e o Loroteiro, não fizeram nada além de tentar mostrar como seus os avanços decorrentes das políticas do governo federal e acumular a contratação de cabos eleitorais com o nome de cargo de confiança. Nas Câmaras de Vereadores os escândalos se empilham. As câmaras formadas basicamente pelo personagem do cidadão de bem: homens brancos, ligados a empresários, especialmente do transporte e da construção não fazem nada além de trabalhar para os empresários que pagaram suas campanhas com mudanças de zoneamento, tentando retirar direitos dos servidores, contra o que estes lutaram bravamente e venceram em vários casos. Lá quase não há mulheres, negros, LGBTs, não há pessoas de origem humilde para representar e lutar pelos interesses dos trabalhadores, trabalhadoras e juventude. Claro que há honrosas exceções, há os que de fato se votam contra a retirada de direitos, denunciam a bandalha da construção civil e ajudam organizando a população que luta pelo direito de morar ou defendendo os ataques racistas aos refugiados.
E agora, como todo o Brasil, estamos ameaçados pela quebra da democracia, pela perseguição, pelo fim das garantias e direitos individuais. Você pode ser retirado da presidência sem provarem que você cometeu crime algum e os 54 milhões de votos recebidos não valerem nada como fizeram com a Presidenta Dilma. Podem te prender e te retirar do cargo de Reitor para o qual foi eleito, com acusações vazias e sem nenhuma prova. Podem te impedir de entrar no teu trabalho e confiscarem seus celulares e computadores pessoais simplesmente porque a escola para a qual você trabalha atende estudantes ligados a um movimento social legítimo. Você pode ser retirado às 6 da manhã do barraco em que está tentando construir sua dignidade, das terras onde planta e colhe para sustentar sua família, com veneno sendo jogado sobre a terra fecunda, como aconteceu no acampamento Marcelino Chiarello do MST em Xanxerê.
Podem tentar te prender por dar comida e dignidade ao povo, te acusar e condenar sem provas, como tentam com nosso maior líder popular Lula. Você pode ser morto se denunciar as arbitrariedades da polícia e do governo, como fizeram com Marielle Franco e com Anderson Gomes, ou simplesmente por ser de um dos povos originais e lutar pela sobrevivência como fizeram com o Professor Xokleng Nambla.
Por tudo isso a presença de Lula e de sua Caravana Pelo Brasil é um presente. Um presente de esperança e de força para enfrentar e dizer NÃO às arbitrariedades. Um presente para dizer sim aos direitos e à dignidade do nosso povo. Um presente para dizer sim à soberania e ao orgulho de sermos catarinenses e brasileiros. Um presente para reforçar nossa energia e disposição para defender a democracia tão arduamente conquistada e que está nos sendo arrancada. Um presente para podermos mostrar que o povo de Santa Catarina também está na defesa de Lula e da democracia.
#SóALutaMudaAVida
#EleiçãoSemLulaÉFraude
#LulaLivre
#AbaixoADitadura
#MariellePresente
#AndersonPresente
#NamblaPresente
#NãoVãoNosCalar
#LutoPelaDemocracia
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[avatar user=”Elenira Vilela” size=”thumbnail” align=”left” link=”attachment” target=”_blank” /]Elenira Vilela é professora e sindicalista.
Ótimo texto
Parabéns pela referência ao prodessor Xokleng Nambla.