Por Ramon Rafaello, para Desacato.info.
Vivemos nos século XXI, a era da informação, que talvez já tenha produzido mais informação que toda história recente da humanidade. É inegável que o poder da informação é vital para influenciar em resultados eleitorais, em comportamentos individuais e coletivos, padrões de consumo, nas decisões governamentais e institucionais, assim como na derrubada e ascensão de governos ao redor do mundo. Diante disso, aqueles que controlam o mundo também controlam a informação, que por sua vez, mantem sob controle as massas sociais.
A sociedade civil está 24 horas sob constante vigilância, conectada por smartphones, computadores e similares, que monitoram os lugares que frequentamos, nossos hábitos de consumo, círculos de amizade, posicionamentos políticos, e até mesmo a maneira como pensamos, que vem sendo expressa em nossas linhas do tempo. Porém, a sociedade civil tem acesso extremamente limitado as informações produzidas pelas instituições, governos e empresas, que comercializam, lucram e se mantem no poder com as informações produzidas por nós, sociedade civil.
Precisamos inverter a lógica desse jogo, fazendo com que a informação flua de cima pra baixo. Ou seja, garantido o acesso e a transparência plena da informação, seja no setor público ou privado. Ninguém sabe ao certo, por exemplo, quanto o Estado brasileiro arrecada com impostos, como gasta os seus recursos, sabemos pouco sobre o quanto as empresas privadas devem para previdência social, ou o valor da isenção fiscal concedida pelo governo ao setor privado, sabemos pouco sobre a dívida fiscal do setor privado com o estado, ou o impacto social, ambiental e econômico causado por determinados setores produtivos.
Não sabemos quase nada, e enquanto isso acontece continuamos sendo manipulados facilmente, elegendo governos contrários aos interesses do povo, continuamos sendo convencidos de que o déficit da previdência social é verdadeiro, de que perder direitos trabalhistas é bom, de que o aquecimento global não existe, e dentre outras coisas. Enquanto os donos do mundo continuam monopolizando o acesso e a distribuição da informação conforme seus interesses, nunca haverá democracia verdadeira e continuaremos mergulhados nas fake news, nas injustiças sociais, na exploração dos países ricos pelos países pobres e na destruição da natureza em benefício do capitalismo.
Aqueles que produzem a contra-informação, ou que roubam a informação dos poderosos e distribuem para a sociedade civil a exemplo de Julian Assange, Edward Snowden, dentre inúmeros outros, que ousaram dar um passo a frente do seu tempo, cumprindo um importante papel no progresso social da humanidade, jamais deveriam ser considerados como criminosos, ao mesmo tempo em que governos e empresas utilizam da informação, um direito universal, para lucrar indevidamente e promover injustiças ao redor do mundo. Afinal, quem são os verdadeiros criminosos?
Precisamos utilizar das armas que temos ao nosso favor e lutar pela democratização do acesso as universidades públicas, lutar pela democratização da produção científica, cultural e tecnológica, lutar pelas rádios comunitárias e mídias alternativas. Precisamos produzir A OUTRA INFORMAÇÃO!
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