A crise política deflagrada na semana passada em razão da revelação da delação de Joesley Batista, do grupo JBS, vai atrasar o cronograma de votação da reforma da Previdência, afirmou o ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Entretanto, ele disse crer na aprovação da reforma mesmo se o presidente Michel Temer deixar o poder.
Na segunda-feira (22), o ministro realizou conferência por telefone com investidores em evento organizado pelo banco JPMorgan. Ele disse que, mesmo com uma eventual saída de Temer, ele não acha que uma oposição contrária às reformas irá assumir e alterar a política econômica.
“A agenda de reformas nesse momento se tornou parte da agenda do Congresso. Os líderes mais importantes do Congresso já entenderam que as medidas fiscais têm de ser aprovadas e estamos seguindo adiante”, afirmou Meirelles.
Após a divulgação da conversa gravada por Joesley com Temer, o mercado ficou abalado e agentes começaram a questionar se as reformas eram viáveis. O ministro reconheceu que o governo não tem os votos necessários para aprovar a reforma da Previdência, mas disse que muitos parlamentares afirmaram que irão apoiar a proposta, mesmo que não assumam publicamente este posicionamento.
Para Meirelles, o atraso na votação não fará diferença, já que, segundo ele, o efeito da reforma é de longo prazo. Antes da divulgação do grampo do dono da JBS, o ministro dizia que o governo tinha os 308 votos necessários para aprovar a proposta.
Desde o aprofundamento da crise, o nome do ministro da Fazenda tem sido aventado para ocupar a presidência da República em uma eventual eleição indireta.
Meirelles foi presidente do conselho da J&F, controladora da JBS, e aparentemente sua imagem não foi afetada pela crise, mesmo que seu nome tenha sido mencionado por Joesley na gravação. O ministro tem conversado com investidores na tentativa de conter os ânimos do mercado. Segundo a agência Reuters, ele iria realizar mais outra conferência nesta segunda-feira.
Fonte: Portal Vermelho.