Governo afirmou que “não há motivo de preocupação” e que se trata de uma “pressão política” do BCE dentro do processo de negociação com os sócios.
O BCE (Banco Central Europeu) anunciou na noite desta quarta-feira (04/03) que deixará de aceitar títulos da dívida pública grega como garantia em operações de refinanciamento a partir da próxima quarta-feira (11/02). A medida foi tomada como forma de pressionar o governo grego para que este negocie um novo plano de resgate. Como resposta, o porta-voz do governo, Gavriil Sakelaridis, afirmou que o governo não aceitará “chantagem”.
Manifestantes diante do ministério de Finanças alemão manifestam apoio.
A decisão do BCE foi anunciada poucas horas depois de o ministro grego das Finanças, Yanis Varoufakis, ter se encontrado com o presidente do BCE, Mario Draghi, em Frankfurt. Hoje, Varoufakis se reúne com seu homólogo alemão, Wolfgang Schäuble, em Berlim.
Após o anúncio, o porta-voz do governo, Gavriil Sakelaridis, afirmou que “não há motivo de preocupação” e que se trata de uma “pressão política” por parte do BCE dentro do processo de negociação da Grécia com seus sócios. “Não chantageamos, mas também não deixamos que nos chantageiem”, disse em entrevista à emissora de televisão Mega.
Com a decisão, títulos da dívida pública grega não serão mais aceitos como garantia para empréstimos. Termina assim a exceção que era concedida ao país, que consistia no fato de o BCE aceitar títulos do governo como garantia de empréstimos, mesmo que estes no momento tenham uma nota (rating, emitido por agências de avaliação de risco) equivalente a “lixo”.
Diante da medida, o país tem como opção buscar linhas de financiamento de emergência do Banco Central da Grécia. Mas, esse tipo de crédito é mais caro do que o fornecido pelo BCE. Sakelaridis disse, no entanto, que o sistema bancário se manterá “adequadamente capitalizado e completamente protegido” através do programa urgente de assistência à liquidez (ELA).
De acordo com a autoridade monetária europeia, a decisão foi tomada “por considerar não ser possível, neste momento, antecipar uma resolução positiva” do programa de ajuda internacional aplicado na Grécia”.
O governo grego, comandado pelo Syriza, se recusa a pedir uma extensão do resgate e rechaça as condições impostas pelos credores, que pedem mais cortes. O novo primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, e Varoufakis realizam uma série de visitas a sócios europeus para discutir planos para aliviar a dívida grega.
Fotos: Efe
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Fonte: Opera Mundi