O ministro da Economia, Paulo Guedes, participou, nesta quarta-feira (5), de audiência pública por videoconferência, promovida pela Comissão Mista Temporária da Reforma Tributária. Ao falar sobre a agenda do governo, pandemia e Amazônia, Guedes cometeu atos falhos e disse, mais uma vez, que a economia brasileira dá sinais de recuperação, apesar de evidências em contrário. Ele também voltou a falar da sua convicção da necessidade de acelerar as privatizações.
Segundo ele, “a gente privatiza para tirar o Estado da área empresarial, na qual ele não trabalha bem”. O ministro repetiu a tese da corrupção nas estatais para justificar a sanha privatista, o que “desvirtuou a democracia brasileira”, em suas palavras. “Elas (as estatais) viraram aparelhos políticos, uma disputa por recursos. Não interessa a ninguém”, afirmou.
Como em falas anteriores, Guedes disse que a economia “está se recuperando”. Afirmou que a atividade econômica “não volta com a mesma velocidade que caiu, mas sobe mês a mês”. O país “vai surpreender o mundo como surpreendeu ano passado com a reforma tributária”, disse, num ato falho. A reforma à qual Guedes quis se referir era a da Previdência, aprovada no Congresso em 2019. Ele foi à comissão no Congresso justamente para debater com parlamentares a reforma tributária em discussão no parlamento, seja a da Câmara (PEC 45), seja a enviada pelo governo.
Um dos argumentos usados pelo ministro e pelos economistas conservadores na mídia, que demonstrariam que a economia volta a se recuperar é o de que houve crescimento de 8,9% da produção industrial brasileira de maio para junho. No entanto, Guedes não falou de números de maior alcance, como a informação de que a produção industrial brasileira sofreu um tombo de 10,9% no primeiro semestre, segundo o IBGE.
Pandemia
Sobre a pandemia de covid-19, embora ressalvando que não é sua área, Guedes arriscou dizer que “o Brasil está muito melhor do que muitos países avançados”. Porém, a Organização Mundial da Saúde (OMS) admite que o país foi o epicentro da pandemia durante todo o mês de julho, dado ainda mantido. As duas últimas semanas foram as mais letais desde o início do surto, em março.
Amazônia
Falando sobre a Amazônia, o ministro voltou a cometer um ato falho. Ao defender que a região se transforme em um polo de desenvolvimento sustentado, aliando preservação e produção de fármacos e outros produtos, negou que o desmatamento segue em ritmo acelerado e afirmou: “O Brasil, apesar de ser um país que preservou a região amazônica até hoje, é claro que a gente tem que reduzir o desmatamento, mas o Brasil é a matriz energética mais limpa do mundo”.
Segundo ele, alguns países “que não conseguiram preservar um quarteirão, queimaram um patrimônio humano e nós temos que preservar uma área que é do tamanho da Europa e sem recursos”.
A saída, segundo ele, é auxílio internacional. “Então que nos ajudem, que paguem os créditos de carbono, ajudem a manter todas as áreas de reservas naturais criando a proteção que há nos parques naturais de outros países. Eles que venham e contribuam.” Guedes não se lembrou de dizer que o próprio ministro do Meio Ambiente do governo de Jair Bolsonaro, Ricardo Salles, propõe reduzir a meta de preservação da Amazônia.