Para defender a Reforma da Previdência, Temer diz que brasileiros viverão até 140 anos

Por Amanda Navarro.

Durante a cerimônia de abertura do Futurecom 2017, um evento de telecomunicações e tecnologia da informação e comunicação, que reuniu representantes do governo, operadoras e provedores de internet, Michel Temer justificou a Reforma da Previdência no avanço tecnológico e na possibilidade de que a expectativa de vida chegue aos 140 anos. Em seu discurso, Temer disse que “ com esta grande evolução tecnológica na medicina, por exemplo, que daqui a uns 30, 40, 50 anos é muito provável que o homem viva, o ser humano, viva até os 140, 150 anos.”

Michel Temer justifica a Reforma na Previdência, que afetará os trabalhadores de maneira brutal, fazendo com que trabalhem praticamente até o final de suas vidas, em um futuro hipotético, onde daqui 50 anos a tecnologia pode avançar e de tal forma, que faça necessária a realização da reforma da previdência. Em seu discurso, ele citou um livro que está lendo, chamado Homo Deus: Uma Breve História do Amanhã, do autor israelense Yuval Noah Harari, que trata da evolução tecnológica e suas consequências nos próximos séculos.

Hoje, a expectativa de vida do brasileiro é de 75 anos, e com a reforma trabalhista muitos trabalharão até muito próximo desta idade. Mas para Temer, que acredita que em 50 anos viveremos até os 150, tal situação mudará por completo e aí, segundo ele, “precisamos nos preparar para o futuro”. Seria cômico, se não fosse trágico, que Temer justifica o ataque aos trabalhadores que é a Reforma da Previdência no avanço das tecnologias.

Numerosos estudos compravam como nas periferias de São Paulo, cidade mais importante do país, a expectativa de vida é inferior aos 65 anos de sua absurda proposta. Desmontando no presente a falácia futurista de um presidente, golpista e totalmente cara-de-pau.

A Reforma da Previdência, é para o governo Temer, uma “modernização” e uma forma de trazer o Brasil para o século XXI. De todos os argumentos que o governo se utiliza para legitimar o desmonte que será a reforma, como por exemplo o déficit na previdência, que na verdade é fruto de dedicar mais de 50% do orçamento para o pagamento da dívida pública, é com enorme desespero que Michel Temer chega na situação de citar a literatura como forma de justificar esse ataque.

O que Temer não considera e que não consta nas suas leituras, é que a real situação dos brasileiros não é a mesma que está descrita no livro que usou para fazer seu discurso. O tempo de contribuição será 49 anos, e a idade mínima para aposentar será de 65 anos. Ou seja, antes do universo futurista de Temer chegar, o brasileiro que se aposentar aos 65 anos terá, segundo a atual expectativa de vida apenas 10 anos de vida. Mas como já dissemos essa expectativa média de vida não é a que tem os trabalhadores do campo, nem vários estados do nordeste, nem sequer os moradores de periferias da capital paulista. Assim, o trabalhador se aposentará no final de sua vida e terá trabalhado até morrer.

Soa como um deboche do golpista Temer, que pense no avanço tecnológico, como na área da medicina, não como uma ferramenta que deveria supostamente melhorar a condição de vida humana, e sim como uma forma de aumentar a exploração sobre os trabalhadores. Assim, ainda que o aumento de 75 anos na expectativa de vida dos trabalhadores, significa para os capitalista ainda mais tempo para explorar.

Fonte: Esquerda Diário

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