Por Catarina Barbosa.
Um novo panelaço nacional contra a postura do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) diante do avanço da covid-19 no Brasil está marcado para esta terça-feira (31). Esse é o 15º dia consecutivo, que pessoas de diversas cidades brasileiras demonstram a sua insatisfação com o governo federal. O protesto começa às 20h30.
O tema do panelaço desta terça, convocado pelas redes sociais, é: “O Brasil precisa parar Bolsonaro”. Entre as organizações que estão chamando o protesto estão as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, a União Nacional dos Estudantes (UNE); centrais sindicais e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Em várias cidades brasileira além de bater panelas, as pessoas também pedem o impeachment do presidente com gritos de “Fora, Bolsonaro”. O primeiro panelaço ocorreu em 17 de março.
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“Estratégias de comunicação”
O ativista de comunicação popular Raphael Castro, morador do bairro do Jurunas, na periferia de Belém do Pará já participou de três panelaços nos últimos dias. Para ele, os protestos ainda estão restritos a algumas áreas da cidade, como os bairros de classe média. Contudo, o ativista fez a sua manifestação e acabou despertando a atenção dos vizinhos.
“Nesse momento é muito importante a gente se debruçar no exercício de pensar em estratégias de comunicação voltada para as periferias, que dialoguem com a realidade das periferias, porque essa narrativa irresponsável e criminosa do presidente de dizer que o coronavírus é só uma gripezinha é mais letal na periferia, porque é na periferia que se tem o pior saneamento básico, pior abastecimento de água é onde está a maioria dos trabalhadores informais, dos trabalhadores empobrecidos, que mais serão vítimas dessa pandemia”, opina.
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Para Castro, a postura de Jair Bolsonaro, de se colocar contra a quarentena, pode provocar muitas mortes nas periferias brasileiras
É uma questão de vida ou morte, as pessoas vão morrer por causa dessa irresponsabilidade e a maioria são as pessoas que moram nas periferias, as negras, indígenas, que vivem nas piores condições mesmo sem a pandemia. Por isso, acho que é urgente o impeachment do presidente Bolsonaro, a gente precisa alavancar essa discussão”, afirma.
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Perda de espaço
Na avaliação do advogado Hugo Mercês, advogado que mora no bairro de classe média Umarizal, em Belém, os panelaços ainda têm adesão de quem já era contra o presidente. “por outro lado não houve adesão à defesa do Bolsonaro. Ouvia-se muito pouco, que ficou emblemático. O bolsonarismo perdeu espaço, entrou no campo da timidez, quem sabe até da reflexão.”
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A estudante de marketing, Helen Castro, mora em São Paulo (SP), e afirma que há grande adesão dos paulista aos panelaços. Segundo ela, as pessoas estão colaborando, porque por estarem no epicentro da crise conseguem ter dimensão da gravidade provocada pela pandemia, entretanto, quem parece não se importar com a vida dos brasileiros é o presidente da república.
“Aqui em São Paulo as pessoas estão colaborando, muita gente está de quarentena. Pouquíssimas pessoas estão nas ruas. Acredito que se ele pensasse um pouco na população tenho certeza que a gente já tinha dado um jeito nessa situação”, diz.
Edição: Rodrigo Chagas