Durante a pandemia do novo coronavírus, milhões de mulheres na América Latina foram levadas à situação de pobreza, perderam seus empregos e sofreram com mais violência de gênero, disse a diretora da ONU Mulheres para a América Latina e Caribe, María-Noel Vaeza.
Em entrevista à agência Efe, a especialista falou sobre a importância do Dia Internacional da Mulher que é celebrado nesta segunda-feira (08/03) e afirmou que, após um ano de pandemia, “podemos comprovar que as consequências para as mulheres foram desproporcionalmente negativas”.
“A crise provocada pela pandemia demonstrou os grandes desafios que temos como sociedade, evidenciando ainda mais a desigualdade de gênero. As mulheres são mais afetadas pelo aumento do desemprego, a pobreza e o aumento de trabalhados não remunerados”, disse Vaeza.
De acordo com a Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e Caribe), o PIB da região sofreu uma queda de 7,7% em 2020, uma das maiores da história, enquanto a taxa de desemprego chegou a 10,7%.
“A covid-19 produziu um retrocesso de 10 anos na participação feminina no mercado de trabalho”, afirmou a diretora da ONU Mulheres.
Violência contra a mulher
Segundo Vaeza, casos de violência contra as mulheres na América Latina aumentaram durante a pandemia atingindo números dramáticos.
“Aumentaram os níveis de violência de gênero contra crianças e adolescentes mulheres. Estimados que por cada três meses de isolamento haverá 15 milhões de casos de violência de gênero”, afirmou.
Dados da Cepal ainda indicam que no ano de 2020 cerca de 6¨0% das mulheres na América Latina foram vítimas de algum tipo de violência de gênero em diversos âmbitos de suas vidas.
“Ainda que não seja possível tirar conclusões sobre os dados durante a crise, é urgente tomar medidas porque mesmo antes da covid-19 a violência contra as mulheres na América Latina tinha dimensões pandêmicas e os nossos indícios apontam para um aumento”, disse Vaeza.
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