Milhares de palestinos foram às ruas de Gaza e da Cisjordânia pelo segundo dia consecutivo nesta quarta-feira (29/01) para protestar contra o chamado “Acordo do Século” anunciado pelos Estados Unidos, que pretende legitimar as ocupações de Israel na região.
Os manifestantes marcharam pelas principais avenidas e queimaram bandeiras norte-americanas, fotografias de Donald Trump, e do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.
Alguns comércios não abriram as portas em prol da mobilização, e as escolas suspenderam as aulas. Segundo o site de notícias Xinhua.Net, soldados israelenses reprimiram manifestantes na Cisjordânia, principalmente em regiões próximas ao Vale do Jordão.
De acordo com a emissora Al Jazeera, os militares dispararam bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes e fecharam vias que ligam regiões ao Vale do Jordão. Além disso, tropas de Israel barraram outras pessoas que vinham da Cisjordânia para o local.
O governador do Vale do Jordão, Jihad Abu el-Assal, disse a jornalistas que a mobilização foi convocada para demonstrar o repúdio dos palestinos com a decisão de Israel em anexar o território. “A terra do Vale do Jordão é dos cidadãos e ninguém tem o direito de anexá-la”. “O território é vital e estratégico para a Palestina e Trump não tem o direito de entregá-lo a Israel”, afirmou.
Muitos dos palestinos que estavam na mobilização carregavam cartazes e entoavam que a “Palestina não está à venda”. A frase foi repetida inclusive pelo mandatário palestino, Mahmoud Abbas, ao rechaçar o anúncio de Trump. Abbas ainda disse que o acordo nunca se concretizará e que o povo palestino o jogará na “lata de lixo da história”.
Segundo o presidente, o povo palestino está unido “diante de todos os planos de extermínio que nosso povo rejeitará. Dizemos ‘não, não, não’ ao acordo do século”.
Nesta quarta-feira, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, afirmou que o plano anunciado por Trump “ignora” os direitos dos palestinos e “legitima” a ocupação de Israel no território da Palestina.
“Este é o plano de ignorar os direitos dos palestinos e legitimar a ocupação de Israel”, disse Erdogan.
Plano
O presidente Donald Trump anunciou na terça-feira (28/01) um “plano de paz” para o Oriente Médio que prevê “uma solução de dois Estados”, declarando que Jerusalém permanece como a capital “indivisível” de Israel. Trump ainda declarou que os EUA reconheceria a Palestina como soberana e que a nação teria uma capital em Jerusalém Oriental.
“Minha visão apresenta uma oportunidade ganha-ganha para ambos os lados, uma solução realista de dois estados que resolve o risco do Estado palestino para a segurança de Israel”, disse Trump.
O primeiro-ministro da Palestina, Mohammad Shtayyeh, rechaçou o plano afirmando que o acordo irá “acabar com a causa palestina”. Segundo Shtayyeh, o plano vai contra o básico das leis internacionais e aos direitos inalienáveis da Palestina.
“Demandamos que a comunidade internacional não faça parte disso, pois vai contra com o básico das leis internacionais e aos direitos inalienáveis da Palestina”. disse.