Palestina anuncia governo de unidade e declara fim da divisão nacional

O novo governo de unidade nacional prestou juramento nesta segunda-feira (2) na Cisjordânia, diante do presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP) Mahmoud Abbas. Após o acordo de reconciliação anunciado em abril entre a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) e o Hamas, que governa a Faixa de Gaza, Abbas declarou o fim da divisão nacional que já durava sete anos.

Abu Mustafa / Reuters

Palestinos em Gaza celebram assinatura do acordo de reconciliação nacional. Palestinos em Gaza celebram assinatura do acordo de reconciliação nacional.

Apesar de o acordo inicial, assinado ainda em 2012, ter sugerido Abbas como chefe do governo de transição, até que as eleições fossem realizadas, o atual primeiro-ministro Rami Hamdallah continua à frente da nova formação, segundo mudanças acordadas.

A partir da efetivação do governo de unidade nacional, o acordo prevê o prazo de seis meses para a realização de eleições, inclusive para o Conselho Nacional Palestino, órgão legislativo da OLP, cuja última eleição foi realizada em 2006 e resultou nas disputas que levaram à ruptura entre a organização, o Hamas e outros movimentos islâmicos.

“Hoje anunciamos a restauração da unidade nacional e institucional. Com relação à unidade do nosso povo, ela sempre foi preservada e nunca foi suscetível à divisão,” disse Abbas durante a cerimônia de posse, de acordo com a agência palestina de notícias Wafa. “Ao formarmos este governo de consenso nacional hoje, anunciamos o fim da divisão que resultou em consequências catastróficas para a nossa causa nacional durante os últimos sete anos,” enfatizou o presidente.

A prioridade da nova formação, garantiu Abbas, é a preparação das eleições gerais, com o compromisso com a Autoridade Palestina e todos os acordos assinados anteriormente, assim como com o programa político da OLP. Estas são também exigências feitas pelas potências ocidentais como condições para o reconhecimento do novo governo.

O governo de Israel vinha ameaçando o acordo de reconciliação e decidiu pela suspensão precipitada das negociações de nove meses, lançadas em julho do ano passado e previstas para terminar em 29 de abril, mas que não tiveram resultados além do aumento da ocupação israelense sobre os territórios palestinos.

Abbas disse que essas ameaças “nos tornam mais comprometidos com o que alcançamos e insistentes em continuar.” Além disso, a posição de Israel contra a reconciliação é o “disfarce das reais intenções da ocupação”, disse o presidente, referindo-se ao objetivo de fragmentação do povo palestino para dar seguimento à tomada de terras, ao aumento das colônias e à obstrução de esforços internacionais que almejam a paz.

“Enfrentaremos muitos obstáculos, mas acreditamos que o ‘trem da reconciliação’ já partiu e ninguém pode pará-lo; nosso povo não deixará que [a divisão] aconteça novamente.”

Autoridades do Hamas também saudaram o avanço histórico. “Damos as boas vindas ao governo de consenso, que representa todo o povo palestino,” disse o porta-voz do movimento islâmico, Sami Abu Zuhri, citado pela agência Ma’an. O novo governo, continuou, é “um ponto de viragem (…) que nos permite unificar o esforço palestino para enfrentar a ocupação israelense.”

Não houve grandes mudanças na lista de nomes apresentada para as principais posições no governo. O gabinete, que é formado por políticos independentes, é composto por 17 ministros, cinco deles provenientes da Faixa de Gaza. Hamdallah, da Cisjordânia, continuará no posto de primeiro-ministro, enquanto Ziad Abu Amr será o vice-premiê e o ministro da Cultura.

Riyad al-Maliki continuará ocupando o cargo de chanceler, Salim al-Saqqa, de Gaza, será o ministro da Justiça e Adnan al-Husseini será o ministro para os assuntos de Jerusalém. Outras posições chave incluem os Ministérios de Educação, o de Serviços Públicos e Habitação, o das Telecomunicações e Transporte, o da Agricultura e Assuntos Sociais, o das Mulheres e o do Trabalho.

Moara Crivelente, da Redação do Vermelho,
Com informações das agências palestinas Wafa e Ma’an

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