O financiamento para apoiar os países em desenvolvimento diante das ameaças das mudanças climáticas atingiu cerca de 79,9 bilhões de dólares em 2018, montante que fica aquém das promessas feitas pelos países ricos – disse a OCDE nesta sexta-feira 6.
Em 2009, os países ricos se comprometeram em 2009 a aumentar sua assistência aos países do Sul para US$ 100 bilhões por ano até 2020 para se adaptarem aos impactos do aquecimento global e reduzirem suas emissões de gases causadores do efeito estufa.
Essa promessa é objeto recorrente da indignação dos países pobres, primeiras vítimas dos impactos das mudanças climáticas. Eles denunciam a falta de solidariedade dos estados ricos, principais responsáveis por esse fenômeno que ameaça o futuro do planeta.
De acordo com o relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), essa ajuda chegou a US$ 78,9 bilhões em 2018. Isso representa um aumento de 11% em relação a 2017, mas a taxa de aumento caiu em relação ao ano anterior (+22 %).
Mais de dois terços (70%) dos fundos foram alocados para ações de redução de emissões, e apenas 21%, para adaptação. O restante combinou os dois objetivos.
Em termos de distribuição geográfica, a Ásia foi o principal beneficiário (43%), seguida da África (25%) e das Américas (17%).
Esses números são questionados anualmente por ONGs que argumentam que alguns fundos não podem ser considerados como destinados ao combate às mudanças climáticas.
Nesse sentido, a Oxfam estimou em 59,5 bilhões de dólares em média para 2017 e 2018 os financiamentos públicos climáticos Note-Sul. Deste montante, apenas um terço (entre 19 e 22,5 bilhões) teria sido uma verdadeira ajuda ao combate às mudanças climáticas.
Em um relatório publicado em outubro, a ONG denunciou que, por exemplo, projetos de desenvolvimento são contabilizados desta forma, como é o caso da construção de um edifício pelo fato de conter painéis solares.
Também lamentou que haja muitos empréstimos em comparação com ajudas diretas e que pouco dinheiro seja gasto em adaptação nos países mais vulneráveis, como os Estados insulares.
“O financiamento climático é uma segurança vital para as comunidades que enfrentam ondas de calor recordes, tempestades terríveis e inundações devastadoras”, disse Tracy Carty, uma das autoras do relatório da Oxfam.
“Embora os governos estejam focados no combate à Covid-19, eles não devem perder de vista a crescente ameaça da crise climática”, ressaltou.
Mesmo que a promessa de 100 bilhões de dólares por ano seja honrada, seria insuficiente, segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, que em 2016 estimou as necessidades dos países pobres de se adaptarem ao aquecimento entre140 bilhões e 300 bilhões de dólares anuais até 2030.