
Por Plínio Teodoro.
Em depoimento ao jornal O Estado de S.Paulo nesta terça-feira (23), a filha de um paciente que morreu de Covid-19 – identificada apenas como C. – afirma que o pai insistiu no tratamento precoce, defendido pelo presidente, e quis, a todo custo, tomar o “remédio do Bolsonaro”, em relação ao “Kit Covid”, que contém cloroquina, azitromicina, vitaminas e corticoide.
Ela conta que foi diagnisticada com Covid-19 no início de dezembro e o pai, que morava com ela, decidiu fazer o teste PCR em unidade da Prevent Senior. Antes mesmo do resultado, ele teria saído do centro de saúde com o “kit Covid”.
C. diz que ela e a mãe desistiram de tomar os medicamentos – “Eu cheguei a tomar um comprimido de cloroquina no primeiro dia, mas passei muito mal e decidi parar” -, enquanto o pai insistiu, mesmo sem o diagnóstico positivo para a doença.
“O corticoide eu sabia que, se dado na fase inicial, pode até piorar a resposta imune, mas não adiantava falar. Ele ficava o dia inteiro vendo esses vídeos do Bolsonaro no YouTube, não queria nem ouvir a gente criticando ele”, conta.
Oito dias após o exame, o teste deu positivo. “Deram mais um kit para ele, mas, três dias depois, ele piorou e foi internado”.
Segundo ela, no dia 19 de dezembro, um dia depois de ser internado, o pai sofreu duas paradas cardíacas e foi intubado.
“Três dias depois, ele morreu. A causa foi covid, mas a gente sempre fica pensando se esse monte de remédio pode ter diminuído as chances dele”.
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