Oscar Wilde e o socialismo

“A maioria dos homens arruínam suas vidas por força de um altruísmo doentio e extremado – são forçados, deveras, a arruíná-las. Acham-se cercado dos horrores da pobreza, dos horrores da fealdado, dos horrores da fome. É inevitável que se sintam fortemente tocados por tudo isso. As emoções do homem são despertadas mais rapidamente que sua inteligência; e, como ressaltei há algum tempoem um ensaio sobre a função da crítica, é bem mais fácil sensibilizar- se com a dor do que com a idéia. Consequentemente, com intenções louváveis embora mal aplicadas, atiram-se, graves e compassivos, à tarefa de remediar os males que vêem. Mas seus remédios não curam a doença: só fazem prolongá-la. De fato, seus remédios são parte da doença.
Buscam solucionar o problema da pobreza, por exemplo, mantendo vivo o pobre; ou, segundo uma teoria mais avançada, entretendo o pobre.
Mas isto não é uma solução: é agravamento da dificuldade. A meta adequada é esforçar-se por reconstruir a sociedade em bases tais que nela seja impossível a pobreza.”

Oscar Wilde em “A Alma do Homem Sob o Socialismo”, Porto Alegre: L&PM, 2003, pags. 15/16.

Encaminhado para Desacato por Clôvis Campelo.

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