Entrevista a um jornalista torturado em Honduras
Português/Español
Por Ronnie Huete, de Tegucigalpa, Honduras, para Desacato.info.
Versão em português: Raul Fitipaldi.
“O secretário da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon, deve condenar o atual governo de Juan Orlando Hernández, pelas violações constantes aos direitos humanos das pessoas que vivemos neste país, e que se coloque do lado dos hondurenhos e não do lado do atual governo, que enxergue que em Honduras se violam constantemente os direitos humanos”. Edwin Espinal
“Em um verdadeiro processo revolucionário, não existem os caudilhos, mas, sim existem os líderes, mas, nas bases todos somos líderes”. Edwin Espinal
Introdução
“Corremos para salvar-nos do tiroteio que provocou a Polícia Nacional, o gás lacrimogêneo cobriu nossa visão, e resguardamos nossas vidas atrás de um carro que estava sendo tiroteado, foram seus últimos dias de vida”. Palavras de Edwin Espinal, quem se encontrava com sua esposa, Wendy Ávila em setembro de 2009 na colônia Flor do Campo.
Edwin Espinal pertence às bases da militância da Frente Nacional de Resistência Popular (FNRP) em Honduras, lembra que no mês de setembro o povo de Honduras se levantou de forma espontânea nas ruas dos bairros populares, protestando contra o levantamento militar ocorrido em 28 de junho de 2009.
Espinal perdeu sua esposa, Wendy Ávila, em setembro de 2009, quando se encontrava nos arredores da embaixada do Brasil, na cidade de Tegucigalpa, lugar onde se efetuou uma forte repressão por parte das forças de segurança do Estados, quem lançaram gás lacrimogêneo e pimenta, tóxicos que provocaram a morte de Wendy Ávila, quem também militava no FNRP.
Perseguição sistematizada
Desde então, Edwin Espinal, é um latino-americano, entregado à luta social do seu país, porém, tem sido vítima da perseguição sistematizada por elementos policiais que lhe tem feito dano a ele e sua família.
Em 2011, Edwin Espinal foi arrestado no seu bairro de residência, Flor do Campo, frente a vários dos seus vizinhos, segundo seu testemunho, elementos policiais, obrigaram-no a sair do carro que conduzia, ele não se opôs, no entanto os policiais começaram a lhe torturar e lhe jogaram jatos de gás pimenta nos olhos, ato que provocou cegueira temporal em Espinal.
“Levaram a um lugar desconhecido e começaram a falar entre eles que tinham preso o elemento, várias chamadas pela rádio entre a própria polícia fazia constatar que me tinham, depois começaram a interrogar-me para que eu falasse onde estavam as armas e onde as escondia, porém, em nenhum momento tive armas, respondia eu, mas, minha resposta acendeu a cólera dos agressores policiais e começaram a me bater”.
Depois deste fato, Edwin foi transladado ao posto policial do bairro A Granja, situado na cidade de Comayaguela, ali, os policiais lhe jogaram fora do carro da polícia lhe provocando uma fratura na perna direita, lesão que ficará para o resto da vida.
Rapto
Os vizinhos do bairro Flor do Campo vendo que Edwin não retornava depois da detenção, falaram com os meios de comunicação radial de Honduras, para fazer a denúncia de que tinham capturado sem nenhum motivo um jovem chamado Edwin Espinal, e que não sabiam seu paradouro.
A ação dos seus vizinhos alertou um organismo de direitos humanos, não governamental, que começou a busca de Espinal nos diferentes postos policiais da capital hondurenha, encontrando-lhe no posto policial de La Granja, encerrado numa cela, com seus olhos e parte do seu corpo cheio de gás pimenta e com visíveis signos de tortura.
“Sentia fogo nos meus braços e parte do meu peito, esse gás me queimava, me fecharam numa cela, estava só, já que na frente da minha tinha outra cheia com integrantes de gangues” disse Espinal, com a voz entrecortada, lembrando sua esposa e os últimos dias que viveu com ela.
Em outubro de 2013, nas vésperas das eleições gerais que definiriam o novo presidente de Honduras, Edwin Espinal foi novamente vítima de um atentado contra sua vida, mas, desta vez também sua família correu riscos. Espinal narra que nessa data, sua casa foi invadida por uma gangue.
Invasão de domicílio
“Derrubaram a porta da minha casa, entraram e destruíram os pertences da minha família; depois deste fato a Polícia Militar invadiu novamente minha casa e argumentando que ali se encontravam armas”, versão que foi desmentida na sua totalidade por organismos de direitos humanos não governamentais e internacionais, e a mesma polícia que constatou que no local não se encontravam nenhum tipo de armas.
No entanto, Edwin Espinal, como sua família, ficaram afetados psicologicamente por este atentado desproporcional da Policia Militar.
Espinal assegura que este fato se deveu a que ele sempre mantinha na porta da sua casa uma bandeira do FNRP. Edwin Espinal interpôs a denúncia ante o Ministério Público e organismos nacionais e internacionais de direitos humanos, porém, não obteve nenhuma resposta ante este fato violento, do qual tinham sido vítimas ele e sua família. “Não tem justiça neste país” afirmou o afetado.
A raiz deste acontecimento, Edwin Espinal se viu obrigado a ter uma vida diferente, com temor de perder sua vida e a dos seres próximos que o rodeiam. Por tal motivo, no pessoal, sempre toma fortes medidas de segurança, já que argumenta que sempre está na mira de elementos armados, que esperam o momento para lhe fazer dano como ser humano.
Edwin Espinal é uma das vítimas diretas do golpe de Estado, e que situa Honduras, cinco anos depois, como uma das nações mais conflitivas do mundo, sem que exista uma guerra civil.
No entanto, Espinal não tem o apoio contundente dos líderes “progressistas” que num passado gritavam aos quatro ventos por uma refundação do país e que hoje se acomodam e ajudam a manter o status quo, dos que possuem o controle do oligopólio financeiro e midiático da pequena Honduras.
Na seguinte entrevista, Edwin Espinal quem trabalha no campo da construção, descreve pelo que atravessa seu país, depois de cinco anos de golpe de Estado.
A entrevista se realizou num centro comercial onde geralmente circulam muitas pessoas, pela segurança de Edwin Espinal e da minha pessoa, no entanto, um policial foi identificado por Edwin, no momento em que desenvolvi esta entrevista.
RH: Ronnie Huete
EE: Eduwin Espinal
RH: Como descreve a Honduras do presente perante o mundo?
EE: Estamos numa condição cada vez pior. Depois do golpe de Estado de 2009, existe uma crise política, de valores, democracia, estado de direito, estamos numas condições que em nunca vi antes no meu país. E como sempre os mais golpeados somos os das capas baixas, por esse motivo, a condição de Honduras é muito complexa e requer uma análise profunda sobre o isso.
RH: Por que existe uma desvalorização da sociedade hondurenha?
EE: A juventude não possui as oportunidades de obter uma vida digna, é uma juventude perdida, sem nenhum rumo que pegar. De tal modo que os jovens já não aspiram estudar nas universidades, já que não tem emprego e os jovens que conseguem obter uma carreira universitária percebem que não há condições sociais para manter-se firmes nessa luta pela superação pessoal, e por fim, na maioria dos casos acabam tomando o caminho errado.
RH: Qual é a pressão extrema pela que passa a juventude em Honduras?
EE: Asgangues se converteram num assédio mais para os jovens, já que os obrigam, muito cedo, a pertencer as suas quadrilhas. Há um recrutamento das gangues dirigidas aos colégios. Do outro lado da sociedade, se encontram os empregados que viram indiferentes ante o que acontece, ou seja, a classe média, que olha, mas não tem opinião, salvo quando chega uma temporada eleitoral, aí sim aparecem eles, para defender seus privilégios de classe social e os empregos, que lhes outorga o governo de turno.
RH: Você teve algum tipo de apoio dos que lideravam o movimento social nos tempos do golpe de Estado?
EE: Não, nenhum, nem por parte de instituição, nem de movimento social; sempre me senti sozinho desde 2009 e temos sofrido enormes perdas, tanto econômicas, também de seres queridos que estiveram comigo na FNRP. Recentemente perdi o meu irmão mais novo nas mãos do crime organizado, e a mesma violência gerada pelas desiguais condições sociais nas que vivemos.
RH: Como descreve a luta social liderar pelo partido Liberdade e Refundação (LIBRE) no presente?
EE: A luta social se dá mais no âmbito partidário. Eu não me identifico ainda com as bases de Libre, porque os dirigentes de Libre não estiveram à altura das expectativas das bases e enquanto isso não aconteça, não podemos abraçar esse processo de luta partidária de Libre. Mas, sim, nos mantemos firmes com a luta dos movimentos sociais, com as bases dos bairros e colônias, conscientizando nossa juventude e os outros moradores dos bairros populares, de um verdadeiro processo de construção do poder popular.
RH: Por que é importante a construção do poder popular sem ter um caudilho?
EE: É a melhor forma de estarmos organizados atentos à ocorrência de qualquer crise política em nosso país, devido às condições políticas que temos atualmente. Libre lamentavelmente não veio dar a resposta às bases da resistência, já que não tem uma visão política revolucionária, com um processo constante de educação política de nossas bases nos bairros e comunidades para fortalecer um verdadeiro processo, junto aos movimentos sociais.
RH: Como caracteriza a direção de Libre?
EE: Continua com seus velhos costumes que vinha arrastando dos partidos políticos tradicionais dos que eles foram membros antes do golpe de Estado, e pois, essa é a direção de Libre, por tal motivo há certa incompatibilidade com os movimentos de base de bairros e comunidades, estudantis, de professores, camponeses, operários, sindicatos. E isto representa um abismo que existe entre Libre e os movimentos sociais, abismo que não se pôde fechar, ainda depois das eleições de 2013.
RH: A que adjudica que não se tenha podido fechar o abismo entre Libre e os movimentos sociais?
EE: Isto se deve a que Libre não teve essa visão de aproximar-se dos movimentos sociais de base, e hoje estamos sofrendo essa debilidade do braço político da resistência e isso é lamentável porque não existe nenhum dirigente em Libre, que olhe as bases, o que segue causando essa grande divisão.
RH: Libre tomou o caminho do bipartidismo ou dos partidos tradicionais?
EE: Sim, isso é evidente quando a direção negocia os interesses do povo com os partidos tradicionais, e sempre vamos dizer que nós não podemos calar isso e o vamos frisar constantemente, venha de aonde vier, porque nós lutamos pela defesa dos interesses dos moradores, da classe operária, do povo mesmo. Nós não lutamos simplesmente por um partido político, posto que nossas lutas vão além disso.
RH: Ante este abismo existente entre Libre e o povo propriamente dito, que sugere aos moradores que compartem seu pensamento?
EE: A organização e capacitação das bases em cada bairro e comunidade, e todo o que envolve o movimento social em Honduras, como os povos originários, afrodescendentes, garífunas[1], isso tudo com o propósito de manter preparadas as bases com um mentalidade crítica à classe política e que está dirigindo os destinos deste país, já que nós, as bases, somos os mais afetados com as más decisões da classe política.
RH: Por que as bases da FNRP não devem depender de caudilhos?
EE: Num verdadeiro processo revolucionário não existem caudilhos, mas, sim existem líderes, mas, nas bases todos somos líderes, porque todos temos capacidade de raciocínio e um pensamento crítico, por tal motivo todos somos líderes com a capacidade de avançar num processo de transformação e contribuir para um processo de desenvolvimento social e político deste país. É importante a luta política sempre e quando os movimentos sociais, as bases, sejam tidas em conta, para fazer um processo revolucionário democrático.
RH: Por que a Polícia Militar invadiu sua casa?
RH: Porquenós, como base da FNRP na comunidade Flor do Campo, estávamos organizados para o resgate das áreas verdes, já que nesse então, queriam privatizá-las, e conseguiram o objetivo, porém, ainda continuamos organizados.
RH: Quais foram as sugestões dos organismos de direitos humanos de Honduras, e das internacionais?
EE: Sair do país, mas, para mim é difícil por tudo o que trabalhamos e lutamos a vida toda, e então, simplesmente ir embora e deixar todo para trás… Então que sentido teria que no país existam entes de justiça se não te dão segurança para a população, por esse motivo não poderíamos acatar sugestões dos entes de direitos humanos.
RH: Que mensagem daria ao secretário geral da Organização das Nações Unidas (ONU), Ban Ki-moon que recentemente visitou Honduras?
EE: Que condene o atual governo de Juan Orlando Hernández pelas violações constantes aos direitos humanos das pessoas que vivemos neste país, e que se situe do lado dos hondurenhos e não do lado do atual governo, que perceba que em Honduras se violam constantemente os direitos humanos.
RH: Qual é seu sonho com relação a Honduras?
EE: Meu sonho é ver uma Honduras refundada com base nos princípios e as verdadeiras necessidades da população que tem sofrido as consequências de um sistema neoliberal e capitalista, e o ideal seria mudar este sistema por um que venha melhorar o nível de vida dos hondurenhos. Mas, não o que diz o demagogo Juan Orlando Hernández que ri dos hondurenhos afirmando-lhes: “Vives melhor.”. Também que todos os hondurenhos sejamos conscientes da nossa realidade para organizarmo-nos em prol da nossa luta popular.
Está entrevista é dedicada a Wendy Ávila e a todos os mártires que acreditaram e imortalizaram as ideias de uma Honduras emancipada de seus opressores e invasores.
[1} Garífuna: Pessoa mestiça de índio e afrodescente.
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Escrito por: Ronnie Huete S.
Periodista cooperante
Defensor de derechos humanos
Persecución sistematizada
“Me llevaron a un lugar desconocido, y comenzaron hablar entre ellos que ya tenían apresado al elemento, varios llamados por radio entre la misma policía hacia constatar que me tenían, luego comenzaron a interrogarme en donde estaban las armas, y donde las escondía, sin embargo en ningún momento he tenido armas, le respondía, pero mi respuesta encendió la cólera de los agresores policías y comenzaron a golpearme”.
Seguido de este hecho, Edwin fue trasladado a la posta policial del barrio la Granja, situada en la ciudad de Comayagüela, una vez allí, los policías le tiraron del automóvil policial provocándole una fractura de su pierna derecha, lesionándolo de por vida.
Rapto
Los vecinos de la colonia Flor del Campo al ver que Edwin no regresaba después de la detención, comenzaron hablar a los medios de comunicación radiales de Honduras, para hacer la denuncia que habían capturado sin ningún motivo a un joven llamado Edwin Espinal, y que no sabían de su paradero.
Este accionar de sus vecinos alertó a un organismo de derechos humanos no gubernamental, mismo que comenzó con la búsqueda de Espinal en las diferentes postas policiales de la capital hondureña, encontrándole en la posta policial de la Granja, encerrado en una celda, con sus ojos y parte de su cuerpo llenos de gas pimienta y con visibles signos de tortura.
“Sentía fuego en mis brazos y parte de mi pecho, ese gas lacrimógeno me quemaba, me encerraron en una celda, estaba sólo, ya que en frente mío estaba una celda llena de mareros” describió Espinal con su vos entre cortada, recordando a su esposa y los últimos días que vivió con ella.
Para octubre de 2013, en vísperas de las elecciones generales que definirían al nuevo presidente de Honduras, Edwin Espinal fue nuevamente víctima de un atentado en contra de su vida, pero está vez su familia también corrió el riesgo. Espinal narra que para esa fecha, su casa de habitación fue allanada por mareros.
Allanamiento
“Derribaron la puerta de mi casa, entraron y destruyeron las pertenencias de mi familia, luego de este hecho la Policía Militar fue a estrenarse a mi casa, allanando nuevamente mi casa y aduciendo que allí se encontraban armas”, versión que fue desmentida en su totalidad, por organismos de derechos humanos no gubernamentales e internacionales y la misma policía constató, que en el lugar no se encontraban ningún tipo de armas.
Sin embargo tanto Edwin Espinal como su familia quedaron afectados psicológicamente por este atentado desmedido de la Policía Militar.
Espinal asegura, que este hecho se debió, a que él siempre mantenía en la puerta de su casa una bandera del FNRP. Edwin Espinal interpuso la denuncia ante el Ministerio Publico y organismos nacionales e internacionales de derechos humanos, sin embargo no obtuvo ninguna respuesta ante este hecho violento, el cual había sido víctima, él y su familia. “No hay justicia en este país” afirmó el afectado.
A raíz de este acontecimiento, Edwin Espinal se vio obligado a tener una vida diferente, con temor de perder su vida y la de los seres cercanos que le rodean. Por tal motivo en lo personal, siempre toma fuertes medidas de seguridad, puesto que arguye que siempre está en la mira de elementos armados, que esperan el momento para dañar su integridad como ser humano.
Líderes “progresistas”
Edwin Espinal, es una de las víctimas directas del golpe de Estado, y que sitúa a Honduras cinco años después, como una de las naciones más conflictivas del mundo, sin que exista una guerra civil.
Sin embargo, Espinal no tiene el apoyo contundente de los líderes “progresistas” que en un pasado gritaban a los cuatro vientos por una refundación de país y que hoy se acomodan y ayudan a mantener el estatus quo, de los que poseen el control del oligopolio financiero y mediático de la pequeña Honduras.
En la siguiente entrevista, Edwin Espinal quien trabaja en el campo de la construcción, describe por lo que atraviesa su país, después de cinco años del golpe de Estado.
La entrevista se realizó en un centro comercial donde generalmente circulan muchas personas, por seguridad de Edwin Espinal y mi persona, sin embargo un agente policial fue identificado por Edwin, en el momento que desarrolle está entrevista.
RH: Ronnie Huete
EE: Eduwin Espinal
RH: ¿Cómo describe a la Honduras del presente ante el mundo?
EE: Estamos en una condición cada vez peor. Después del golpe de Estado de 2009, existe una crisis política, de valores, democracia, estado de derecho, estamos en unas condiciones en que yo nunca las había visto en mi país. Y como siempre los más golpeados somos los de abajo, por tal motivo la condición de Honduras es muy compleja y requiere de un análisis profundo al respecto.
RH: ¿Por qué existe una desvalorización de la sociedad hondureña?
EE: La juventud no posee las oportunidades de obtener una vida digna, es una juventud perdida, sin ningún rumbo que tomar, a tal extremo que los jóvenes ya no aspiran a estudiar en las universidades, puesto que no hay empleo y los jóvenes que logran obtener una carrera universitaria se dan cuenta de que no hay condiciones sociales para mantenerse firmes en esa lucha por la superación personal, y al final en la mayoría de los casos terminan tomando el camino equivocado.
RH: ¿Cuál es la presión extrema por la que pasa la juventud en Honduras?
EE: Las maras o pandillas se han convertido en un asecho para los jóvenes, ya que los obligan a muy temprana edad a pertenecer a sus maras. Hay un reclutamiento de las maras hacia los jóvenes en los colegios. Por el otro lado de la sociedad, se encuentran los empleados que se vuelven indiferentes ante lo que ocurre, es decir la clase media, que miran, pero no tienen una opinión, excepto cuando viene la temporada electoral, puesto que allí si participan ellos, para defender sus privilegios de clase social y sus “chambitas” (Trabajo), que les da el gobierno de turno.
RH: ¿Ha tenido algún tipo de apoyo, de quienes lideraban el movimiento social en tiempos del golpe de Estado?
EE: No, en lo absoluto, por parte de ninguna institución o movimiento social, siempre me he sentido sólo desde el 2009 y hemos sufrido enormes pérdidas, tanto económicas, como de seres queridos que estuvieron conmigo en el FNRP. Recientemente perdí a mi hermano menor en manos del crimen organizado, y la misma violencia generada por las desiguales condiciones sociales en las que vivimos.
RH: ¿Cómo describe la lucha social liderada por el partido Libertad y Refundación (LIBRE) en el presente?
EE: La lucha social se está dando más en el ámbito político partidario, porque nosotros como bases del FNRP, yo no me identifico todavía como bases de Libre, porque la dirigencia de Libre no ha estado a la altura de las expectativas de las bases y mientras esto no pase, no podemos acuerpar ese proceso de lucha partidaria de Libre. Pero sí, nos mantenemos firmes con la lucha de los movimientos sociales, con las bases de barrios y colonias, concientizando nuestra juventud y los demás pobladores de los barrios populares, de un verdadero proceso de construcción del poder popular.
RH: ¿Por qué es importante la construcción del poder popular sin tener un caudillo?
EE: Es la mejor forma de estar organizados, por si ocurre una crisis política en nuestro país, debido a las condiciones políticas que tenemos actualmente. Libre lamentablemente no vino a dar respuesta a las bases de la resistencia, puesto que no tiene la visión política revolucionaria, con un proceso constante de educación política de nuestras bases de barrios y colonias para fortalecer un verdadero proceso, junto con los movimientos sociales.
RH: ¿Cómo caracteriza a la dirigencia de Libre?
EE: Continúa con sus viejas costumbres que venían arrastrando de los partidos políticos tradicionales de los que ellos fueron miembros antes del golpe de Estado, y pues, esa es la dirigencia de Libre, por tal motivo hay cierta incompatibilidad con los movimientos de base de barrios y colonias, estudiantiles, magisteriales, campesinos, obreros, sindicatos. Y esto representa un abismo que existe entre Libre y los movimientos sociales, abismo que no se ha podido cerrar, aún después de las elecciones de 2013.
RH: ¿A qué se debe, que no se ha podido cerrar el abismo de Libre y los movimientos sociales?
EE: Esto se debe a que Libre no tuvo esa visión de acercarse a los movimientos sociales de base, y hoy en día estamos sufriendo esa debilidad del brazo político de la resistencia y esto es lamentable porque no existe un dirigente en Libre, que mire hacia las bases, lo que sigue causando esa gran división.
RH: ¿Libre ha tomado el camino del bipartidismo o partidos tradicionales?
EE: Sí, eso es evidente cuando la dirigencia negocia los intereses del pueblo, con los partidos tradicionales, y esto lo vamos a decir siempre, nosotros no podemos callarlo y lo vamos a señalar constantemente venga de quien venga, porque nosotros luchamos por la defensa de los intereses de los pobladores, de la clase obrera, del pueblo, pueblo.
Nosotros no luchamos simplemente por un partido político, puesto que nuestras luchas van más allá de eso.
RH: Ante este abismo existente entre Libre y el pueblo, pueblo ¿Qué sugiere a los pobladores que comparten su pensamiento?
EE: La organización y capacitación de las bases en cada barrio y colonia, y todo lo que engloba el movimiento social en Honduras, como pueblos originarios, afro descendientes, garífunas, todo esto con el propósito de mantener preparada a las bases con una mentalidad critica a la clase política y que están dirigiendo los destinos de este país, puesto que nosotros las bases, somos los más afectados con las malas decisiones de la clase política.
RH: ¿Por qué las bases del FNRP no deben depender de caudillos?
EE: En un verdadero proceso revolucionario no existen los caudillos, pero sí existen los líderes, pero en las bases todos somos líderes, porque todos tenemos capacidad de razonamiento y pensamiento crítico, por tal motivo todos somos líderes con la capacidad de avanzar en un proceso de transformación y contribuir a un proceso de desarrollo social y político de este país. Es importante la lucha política siempre y cuando los movimientos sociales, las bases sean tomadas en cuenta, para hacer un proceso revolucionario democrático.
RH: ¿A qué se debió el allanamiento en su casa por parte de la Policía Militar?
EE: Se debió a que nosotros como base del FNRP en la colonia Flor del Campo estábamos organizados para el rescate de las áreas verdes, puesto que para ese entonces querían privatizarlas, y el objetivo lo lograron, sin embargo aún seguimos organizados.
RH: ¿Cuáles han sido las sugerencias de los organismos de derechos humanos de Honduras e internacionales?
EE: Salir del país, pero para mí es difícil salir por todo lo que hemos trabajado y luchado toda la vida, y simplemente largarnos y dejar todo atrás. Entonces qué sentido tendría que en el país existan entes de justicia si no le dan seguridad a la población, por tal motivo no podríamos acatar las sugerencias de los entes de derechos humanos.
RH: ¿Que mensaje le daría al secretario General de la Organización de las Naciones Unidas (ONU), Ban Ki-moon que recientemente visitó a Honduras?
EE: Que condene al actual gobierno de Juan Orlando Hernández por las violaciones constantes de los derechos humanos de las personas que vivimos en este país, y que se sitúe del lado de los hondureños y no del lado del actual gobierno, que se dé cuenta que en Honduras se violan constantemente los derechos humanos.
RH: ¿Cuál es el sueño que posee usted, en relación a Honduras?
EE: Mi sueño es ver una Honduras refundada en base a las principios y las verdaderas necesidades de la población que ha sufrido las consecuencias de un sistema neoliberal y capitalista, y lo ideal sería cambiar este sistema por uno que venga a mejorar el nivel de vida de los hondureños. Pero no lo que dice el demagogo de Juan Orlando Hernandez que hace mofa con “vivís mejor”.
También de que todos los hondureños seamos consientes de nuestra realidad, para organizarnos en pro de nuestra lucha popular.
Está entrevista es dedicada a Wendy Ávila y a todos los mártires que creyeron e inmortalizaron las ideas de una Honduras emancipada de sus opresores e invasores.
Cualquier atentado o amenaza para el autor de este artículo es responsabilidad de quienes representan y gobiernan el Estado de Honduras o sus invasores.
El autor de este artículo es corresponsalía voluntaria de la revista Caros Amigos editada en são Paulo, Brasil para Centroamérica, la organización Casa Mafalda São Paulo, Brasil , La Agencia informativa Latinoamericana Prensa Latina, Kaos en la red y El portal http://desacato.info editado en Florianópolis, Brasil.